sexta-feira, 23 de julho de 2010

Responde!

Socorro, estou sem interrogação! Temporariamente estou impossibilitada de fazer perguntas, só posso usar pontos, vírgulas, dois pontos, exclamações, reticências, enfim, tudo que não seja a simpática amiga de formas arredondadas. Nem pensar nos “por quês”, “serás”, “pra quês”, “comos”, “quandos”, “ondes”, e qualquer outra curiosidade. E o pior é que nem dá aqui pra perguntar como será minha vida sem indagações. Como será... não dá, não tenho interrogação para chegar até o fim da frase interrogativa. Eu, logo eu, tão questionadora sobre as coisas do mundo, de mim mesma, da vida, de repente me deparo com um teclado de computador desprovido do ponto de interrogação. Já procuramos, vasculhamos, mas ele não está na função da tecla que o exibe desenhado e nem nas segundas e terceiras funções de qualquer outra tecla. Por algum motivo cósmico, seja do universo da informática ou do nosso mesmo, a interrogação se escondeu de mim. E não consigo nem perguntar o que fazer... O máximo que conseguimos desse teclado subversivo foi isso: ¿ Não, obrigada, uma interrogação de cabeça pra baixo não resolve meu problema! Meus questionamentos já são complexos o bastante, imagine-os virados de ponta-cabeça! Sou uma apaixonada pela língua espanhola, amo música argentina e mexicana, mas, com todo o respeito, não posso ferir minha escrita em português com um ponto de cabeça para baixo.
Quando criança, lembro-me bem, alguns livros didáticos da língua portuguesa sugeriam como exercício de redação a divertida tarefa de imaginar como seria a vida com o sumiço do “não” e criar uma historinha sobre isso. Imaginativa como sou, foi inevitável agora pensar em como seria o mundo sem a interrogação. Logo imaginei como seriam diferentes tantos momentos da vida, o que seria evitado, o exercício que faríamos para nos virarmos sem perguntas, pensei naquela pergunta que nunca deveríamos ter feito, naquelas respostas que preferíamos não ter ouvido, na pergunta que nunca quisemos que fosse dirigida a nós, na curiosidade insaciável de algumas pessoas, nas saraivadas de perguntas maternas: que horas, pra onde, com quem, etc. Viajando nesta fantasia, cheguei à conclusão de que o mundo ficaria feito a interrogação usada no início das frases interrogativas da língua espanhola: de cabeça para baixo... As pessoas viveriam mais isoladas, teriam mais dificuldade em conhecerem umas às outras, andariam ainda pior informadas e talvez até algumas profissões seriam extintas, ou teriam de passar por uma imensa reformulação. Imagine advogados, investigadores, jornalistas, médicos, todos exercendo suas profissões sem o auxílio das perguntas. Ou então, surpreendente como é a capacidade humana de adaptação, todos iriam se acostumar e descobrir outras formas.
De qualquer modo, resolvi aproveitar o que a idéia pode trazer de bom para a minha vida, e talvez seja hora mesmo de fazer menos perguntas e mais afirmações, talvez meu teclado, com sua tecla que não responde, esteja querendo me dizer: Chega de pergunta e responde! Em certas fases da vida, como a que atravesso agora, perdemos um bom tempo com demasiados porquês, demasiados serás: por que comigo, por que justo agora, por que tanto assim, por que desse jeito, será que amanhã, será que eu consigo, será que ele, será que ela, será que a vida, será, será será... Quando na verdade ganhamos tanto mais nos levantando do questionamento introspectivo e afirmando: eu posso me sentir melhor, eu sou capaz de..., eu consigo..., eu aceito as mudanças..., eu identifico em mim.., eu sou, eu vou, eu posso. Quero me valer também dos pontos finais em negativas; muitas e muitas vezes nos atrapalhamos permitindo a entrada de coisas e pessoas e situações em nossa vida simplesmente pela dificuldade que temos em dizer “não”. Frases como “eu não preciso mais disso em minha vida, eu não posso dessa vez, eu não quero isso para mim” são também extremamente necessárias em determinados momentos. E assim como o ponto, sigo aproveitando e degustando as exclamações, que desejo tanto usar exclamando somente coisas positivas, dizendo o que quero dizer com vigor, com volume, para que todo o meu ser seja capaz de escutar; sigo aprendendo sobre as vírgulas, que me oferecem a pausa, para respirar, retomar o fôlego, permitir que o ar oxigene todo o meu corpo, minha mente, alimentando as idéias e a vontade de prosseguir, até o ponto final.
Mas olha, não é a todo mundo que recomendo o repouso do ponto de interrogação. Muita gente comete excessos com os pontos finais, ordenando, exigindo, decidindo e ponto final, sem se lembrar de antes perguntar se podemos, se queremos, o que achamos, como nos sentimos em relação a... A brincadeira de imaginar o mundo sem interrogação acabou, e temos à nossa disposição, felizmente, uma diversidade de opções em relação a pontuação, tipos de frases, e, principalmente, uma infinidade de palavras. Estamos todos aprendendo a escolher a melhor frase, as melhores palavras, a melhor maneira de comunicar, de pedir, de perguntar, de afirmar, de negar, de chegar até o outro, de chegar a si mesmo.
E eu continuo sem interrogação... Sim, “mais vale uma pergunta bem feita do que mil respostas bem dadas”, já disse o filósofo. Eu até ia perguntar que filósofo mesmo disse isso, mas não dá, estou sem interrogação. Sendo quem for, eu o respeito imensamente. Sempre amei filosofar, questionar, imaginar, supor respostas, e fiz à vida questionamentos complexos, perguntas tão inteligentes, tão bem construídas. E ela, de repente, ao invés de me dar mil respostas, aparecia-me com cada pergunta, tão elaborada, tão, mas tão bem feita, como a que sugere o filósofo, que... bem feito, eu não era capaz de responder. E responder as questões da vida não significa somente formular respostas na mente ou num depoimento. Se a vida me oferece perguntas em forma de provações, desafios, acontecimentos, perguntando-me se desejo crescer, perguntando-me quem mesmo eu sou, perguntando-me se desejo tentar de novo, é mais do que justo nesse jogo eu responder com ações, reações, atitudes. Será que parece difí- Opa, quase me esqueci... Reformulando: pode parecer difícil, mas o universo é muito bom, assim como ele nos traz tantas questões, ele também oferece respostas, e seguimos aprendendo a encontrá-las, num silêncio, num sorriso, na voz de outra pessoa, num sonho, numa surpresa da vida e, por fim, no lugar onde elas mais amam nascer: dentro de nós.
Falando nisso, dei uma vasculhada boa aqui dentro e, puxa, acabei de encontrar uma grande resposta! Tenho amigos experientes na informática que poderiam facilmente resolver o meu problema; mh, e acabar com a minha brincadeira... Vocês devem então estar se indagando bem agora por que eu não envio imediatamente um e-mail a eles lhes perguntando o que fazer. É que não posso lhes perguntar nada, estou sem interrogação...

N A: Leitores de tela, como o que uso, atribuem novas funções a algumas teclas do computador. E, principalmente em laptops, que tem menos teclas, isso muitas vezes gera algumas confusões. Os leitores mais atentos do blog provavelmente já se depararam com as tais interrogações de ponta cabeça em um ou outro texto, como resultado dessa incompatibilidade. Quando estou em formulários na internet, caixa de e-mail, qualquer espaço a ser preenchido com texto, ainda consigo digitar uma interrogação, com uma manobra considerável (apertando Control mais Alt mais W), já nos programas de edição de texto, nem pressionando quinze teclas ao mesmo tempo. O texto acima foi escrito há um ano, e continua bem atual, pois nem meus amigos experientes na informática deram jeito na questão. Procuro ficar atenta e sempre pegar emprestada da internet uma interrogaçãozinha para colar em meus textos, mas de vez em quando ainda pode me escapar uma interrogação plantando bananeira por aí, Se acontecer, agora vocês já sabem o porquê. 

terça-feira, 20 de julho de 2010

Deficiência? Todo mundo tem!

Hoje vou contar a vocês uma das histórias mais apreciadas pelos públicos das palestras que ministro por aí. Uma daquelas histórias que os amigos sempre pedem pra gente contar de novo e de novo, como se fosse uma piada. É claro que, assim como uma piada, tem mais graça contada ao vivo, mas o negócio aqui é aproveitar a grande graça da palavra escrita para estimular a criatividade e a sensibilidade de vislumbrar cada detalhe descrito.
Estava eu em Belo Horizonte há alguns anos, participando de um festival internacional de artistas com deficiência. Em diversos pontos culturais da cidade apresentávamos nossa música, nossas danças, pinturas, peças teatrais e tantas outras lindas manifestações. A festa durou uma semana inteira, e numa noite em que não estava trabalhando, fui assistir a outros artistas. Um ônibus do evento saiu do hotel com uma galera, pessoas com todo tipo de deficiência, e ia parando e despejando os grupinhos nos diversos locais de shows e exposições. Por último ficou o Teatro Municipal, meu destino. E ao nos levantar, eu e minha mãe, percebemos que todos do grupo restante no ônibus eram cegos e que não havia ninguém do evento para nos ajudar. O motorista tinha pressa e logo nos despachou. Minha mãe, que enxerga, auxiliou o grupo no desembarque e ficamos parados todos na calçada resolvendo como organizaríamos a caminhadinha boa até o teatro, que ficava dentro de um parque. Eram cerca de dez pessoas cegas, eu com baixa visão e minha mãe, a salvadora da pátria. Só que ela era uma, com apenas dois braços. Como fazer para guiar onze ao mesmo tempo?
-Bom- eu sugeria à minha mãe –você leva metade e eu vou no seu rastro, levando a outra metade.
Assim fizemos: ela organizou uma pequena fila do seu lado direito, outra do esquerdo, feito tia da escola levando a turminha pra sala de aula. Eu fiz o mesmo, ofereci o braço pra um do lado direito, que foi seguido por mais dois ou três, ofereci o outro braço pra um do lado esquerdo e fui logo atrás da turma da minha mãe. Minha visão era pouca mas eu havia aprendido a aproveitá-la de maneira bem funcional, e mesmo com a pouca iluminação do parque, conseguia acompanhar a “mancha” de gente que se movia à minha frente. Fomos caminhando devagar, para facilitar a vida de todos, principalmente a minha. Eu olhava muito atenta para o chão à minha frente e à nossa volta, cuidadosa para que nenhum obstáculo em nossas laterais entrasse no caminho de alguém. Contudo, ainda sobrava atenção para um papinho com os colegas. Aliás, papo é uma coisa que cego adora! É incrível o som que um bando de cegos é capaz de produzir; e aquele bando ali, mesmo pequeno, mantinha o silêncio longe. Engrenei então num diálogo descontraído com o colega da direita. No meio da conversa, ouvi o colega da esquerda dizer:
-Nossa, você é tão bonita.
Agradeci. Claro, quem não enxerga tem suas maneiras de achar beleza no outro. Mais alguns passos, mais alguns dedos de prosa com o amigo da direita e ouvi uma nova intervenção vinda da esquerda:
-Você tem um corpinho legal.
Agradeci de novo, agora meio sem graça. Mas espera aí- pensei –esse cego ta vendo demais... Ele segurava apenas em meu braço, não ousou tocar nem encostar em nenhuma outra parte do meu corpo para ver com o tato, como uns ceguinhos por aí adoram fazer. Por que ele estava falando aquilo?
Estávamos quase chegando à porta do teatro e prossegui paciente, embora incomodada. Quando ouvi o próximo comentário do cidadão da esquerda, agora ainda mais ousado, estaquei.
-Para tudo- falei, e olhando bem para ele indaguei –Desculpa perguntar, mas qual é a sua deficiência?
E ele, sem me soltar o braço, olhou para baixo, deu um risinho curto de boca fechada e respondeu com a voz arrastada:
-Digamos que seja espiritual.
Só então compreendi, sentindo o cheiro de álcool e reparando que ele bambeava mais que joão bobo, que se tratava de uma criatura altamente alcoolizada, que simplesmente vira uma fila bacana e decidira pegar o bonde.
O pobre bebum do parque nem imagina que virou um personagem ilustre em minhas palestras, onde vem sempre reforçar aquela velha, e sempre necessária, lição dos trabalhos de sensibilização: deficiências todo mundo tem, aparentes ou não. E existem muitos outros tipos de limitações além da visual, da auditiva, da física e da intelectual. Ele, humildemente, reconheceu a sua.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Italiano Buona Gente!

Mesmo quem não se amarra muito em música italiana já ouviu falar em nomes como Laura Pausini, Eros Ramazzotti, Domenico Modugno para os mais experientes, e outros, inclusive os muitos que vieram nas trilhas das novelas apassionatas da Globo. Porém existem muitos, mas muitos outros grandes artistas italianos que não chegam ao nosso conhecimento, e não é por falta de qualidade. Eu tenho a felicidade de ter informantes por aquelas bandas que me deixam antenada com o que há de melhor. E, ultimamente, é um italiano que tem ocupado meus ouvidos, dia e noite, noite e dia! Chegou despretensiosamente, em apenas oito faixas de seu mais novo trabalho, jogadas para mim num CD junto com outro artista, só pra ver se eu gostava. O que minha informante oficial, minha irmã Leda, não sabia era o quanto eu me apaixonaria por aquela música...
Há algum tempo eu não ouvia maciçamente música instrumental, e há muito tempo eu não ouvia um CD assim, até gastar. Fui deixando aquele piano com orquestra entrar em mim e foi arrebatador; realmente tinha tempo que eu não sentia uma música me tocar tão fundo e me traduzir tão bem. Giovanni Allevi é o nome do compositor e dono da execução tão sensível e expressiva do piano. Seu trabalho é classificado como clássico contemporâneo, mas eu não ligo para os rótulos e prefiro que cada um ouça e defina como quiser. O que posso adiantar é que é um som instrumental daqueles mais emocionais do que racionais, portanto não é nada difícil de digerir como muitos compositores que acabam assustando quem está mais acostumado a ouvir uma musiquinha com letra. Allevi faz uma música cinematográfica e muito dinâmica, uma música que acessa diversas emoções e sensações numa mesma faixa. Toda música que se parece trilha de filme já costuma me envolver fácil, mas o italianinho consegue ir tão fundo que dissolveu em mim emoções das quais eu nem sabia a origem, quase uma catarse. Mais que isso, uma música tão intensa quanto descomplicada enchendo de vida e encanto minhas emoções. Claro que fiquei curiosa para conhecer mais trabalhos do compositor, não sabia nada sobre ele, nem mesmo se ainda era vivo. Sabendo do meu encantamento, minha irmã me mandou o site do moço, que está muito vivo sim e tem uma trajetória bem rica; aos 41 anos (mas com cara e entusiasmo bem mais joviais), ele já fez uns 7 discos e escreveu um livro, dentre outras realizações. Quando minha irmã passou o endereço do site eu me recusei a entrar, “estou com medo de me apaixonar por ele!” eu disse. Ela riu e falou “entra sim, só não sei se o site é acessível para o leitor de tela.” Pois é, ainda tem isso.. quantas vezes vou seca atrás de uma informação na web e me deparo com páginas completamente despreparadas para programas como o Vivi, meu leitor de tela, e aí o resultado é pura frustração e indignação. Então pensei, pensei, ouvi mais um pouquinho de Allevi, deixei passar uns dias e... entrei, entrei com tudo, pesquisando a fundo cada seção da página do artista, que, para nossa alegria, é completamente acessível!
Agora, o mais interessante vocês não sabem. Além das informações que já lhes contei e das várias amostrinhas de outros discos dele que pude ouvir, descobri, pelo até então mais recente texto da seção de notícias do site, que o livro escrito pelo compositor acaba de ser transcrito para o Braille! Agora me falem como é que faz pra não se apaixonar?! (suspiros...) Muitos livros mundo a fora são transcritos para o sistema Braille, na maioria das vezes por instituições que atendem pessoas com deficiência visual, e seus autores nem ficam sabendo, ou se ficam, eles e suas equipes, não costumam se interessar em divulgar o fato. O livro de Giovanni se chama La Música in Testa (a música na cabeça) e na própria notícia tem o contato da Biblioteca Italiana para Cegos, a BIC, responsável pela distribuição do livro neste formato. Eu, que to aqui com a pontinha do indicador direito até ardendo de tanto percorrer os calombinhos dos meus primeiros livros em Braille, mamma mia, vou levar aproximadamente 3 anos para ler este livro. Meu italiano não é dos piores, mas minha prática é na conversação, e não na leitura, quanto mais na leitura em Braille! Bom, mas vamos lá que desafio pouco é bobagem! Nem preciso dizer que depois dessa eu estou é perdidamente innamorata pelo novo ídolo... Aiai. 
Pra quem quiser se apaixonar também, aí vão os links dos dois sites de Giovanni Allevi:
http://www.alleviani.com/
http://giovanniallevi.eventidigitali.com/

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Boas ou Más Notícias?

Depois de três meses de ensaios, muita ralação e muita alegria, lá estávamos nós, almoçando no camarim, prestes a levar para o palco mais charmoso da cidade um espetáculo de ricos arranjos musicais, letras cheias de poesia e pureza e idéias harmoniosas para presentear qualquer criança, pequena ou grande, que ali chegasse. Vindo cada um de seus diferentes universos musicais e profissionais, era a estréia de todos nós na música infantil, e o entusiasmo era geral.
Veio então a notícia: o canal de TV que cobriria o show e chamaria público para a apresentação seguinte 3 dias depois acabara de cancelar a ida porque o menino de 3 anos espancado pelo padrasto acabara de falecer. Estremeci, e foi difícil continuar a comer. Num canto da cidade um grupo de artistas terminava de se preparar para encantar a vida de várias crianças, enquanto de outro lado, num hospital público, um pequenino, de fêmur fraturado, pulmão perfurado e outras atrocidades que não vale a pena lembrar, morria, sem arte, sem música, sem idéias harmoniosas, sem encanto algum, sem oportunidade.
Na mesma semana ainda estava em alta nos jornais o caso da procuradora Vera Lúcia, o que trouxe à tona em toda a imprensa e na memória da gente inúmeros outros casos semelhantes, ou piores, noticiados anteriormente. O que não pode é a gente se anestesiar com notícias como essas, ou melhor, continuar se anestesiando. Eu já não estava nem aí para a ausência da TV que divulgaria nosso show, a tristeza e a indignação diante do desfecho da história escabrosa eram maiores. Com tudo, o contraste daquele momento pré-show me falava claramente sobre duas coisas: escolha e a falta dela. Um canal de TV acabara de escolher redirecionar sua equipe para a porta de um hospital para, durante a tarde inteira, registrar o choro de familiares e conhecidos, o depoimento de um médico impotente diante da cena, a sentença do juiz ou delegado. No domingo haveria um espetáculo musical para as crianças da cidade, preparado com muita dedicação, amor e comprometimento com a educação e com a diversidade. Mas o que isso importa diante do que acabara de acontecer? Claro, acontecimentos relevantes, sejam positivos ou negativos, devem ser levados ao conhecimento da população. Mas quanta atenção nossos jornais, telejornais e revistas estão dando aos fatos negativos? No mundo coexistem notícias boas e ruins, e se olharmos o mundo pelos olhos da TV aberta, nossa, o mundo ta perdido mesmo, fica difícil lembrar que coisas maravilhosas também estão acontecendo. Certamente viveríamos menos estressados e mais esperançosos se no mínimo fosse acolhida numa mesma edição de um telejornal a mesma quantidade de notícias boas e notícias ruins. Enquanto ainda não é assim, nós é que escolhemos ser ou não reféns dos noticiários, que escolhem o que nos deixar saber, escolhem noticiar apenas o que eles consideram relevante. Além disso, noticiar é uma coisa, explorar a dor do outro e martelar sempre a mesma tecla é outra. Nós, adultos, temos essa consciência e somos capazes de identificar essas diferentes abordagens e, a partir disso, temos a liberdade de escolher o que queremos para nós, mas nossas crianças não escolhem, elas aceitam, e assimilam, o que nós, adultos, apresentamos a elas, as histórias escabrosas que acompanhamos na TV, as músicas de teor destrutivo que ouvimos, os programas violentos que vemos, os exemplos que damos. E aí é que vem a falta de escolha. Naquela noite quantas e quantas casas seriam bombardeadas com a matéria, provavelmente comprida, do enteado espancado e morto, bem na hora do jantar, e nenhuma criança daquelas casas teria a oportunidade de ficar sabendo que um grupo de artistas pré-estreava naquele dia um espetáculo de som, luz e idéias edificantes para elas e seus pais. Crianças e adultos estavam em casa, jantando e conversando, quando deu na TV a notícia, feito uma corriqueira música de fundo para a refeição diária. Certamente algumas crianças sentiram medo, outras não sentiram nada, porque já estão acostumadas a ver e ouvir histórias como aquelas na TV. É uma pena, o que estamos permitindo para nossas crianças? O que estamos escolhendo para elas e para nós? O que preferimos que ocupe nossa sala, nossa mente, nossas conversas, nossas vidas: boas ou más notícias? Mais fundamental ainda, o que preferimos ser e produzir no mundo: boas ou más notícias? Nós, que acreditamos e trabalhamos na arte, vamos continuar tratando de produzir boas notícias, veiculadas ou não pela mídia. E vamos continuar trabalhando e torcendo para que ela, a arte, entre na vida de crianças como aquele garotinho de destino interrompido, que entre nas famílias, que ela entre na vida de todas as crianças do mundo, e que assim todas elas cresçam pessoas capazes de produzir muito mais boas do que más notícias e histórias. Vamos escolher melhor o que permitimos entrar e marcar a infância de nossas crianças.

domingo, 11 de julho de 2010

Semana de Aventura

Eu, que já velejei, saltei de parapente, voei na tirolesa, desci no rapel, fiz rafting e outras deliciosas loucuras, vivo hoje outros tipos de aventura! Pessoas que não enxergam, bem como as cadeirantes ou com outras dificuldades de locomoção, são perfeitos aventureiros do dia-a-dia. Principalmente quando precisam sair de casa... As ruas, calçadas e estabelecimentos sem acessibilidade se encarregam de fazer de nossos trajetos uma aventura constante! Essa semana por exemplo eu descobri uma nova modalidade esportiva, é o Salto com Bengala, uma versão urbana do Salto com Vara. É muito simples, o atleta só precisa estar cego e caminhar, de preferência com um pouquinho de pressa, por calçadas bem esburacadas, o que é bem fácil de achar em São Paulo por exemplo. Aliás foi lá mesmo que descobri o novo esporte. Não vou dizer que na minha cidade não dê para praticar, pelo contrário, pra todo canto tem pistas, opa, calçadas bastante adequadas. Mas vou contar uma coisa a vocês: de todas as cidades por onde já andei e ando, São Paulo é a campeã em calçadas tortas, mal planejadas e esburacadas. Mas façamos justiça, a capital paulista é também uma das mais avançadas em acessibilidade de um modo geral. Bom, voltemos ao esporte. Como eu dizia, basta estar cego e caminhar com sua bengala a passos rápidos por uma calçadinha bem esculhambada. Aí, quando você menos espera (e aí é que ta a emoção da nova modalidade), a ponta da bengala entra num buraco e pronto, sua vara está fixada no chão pronta pra te impulsionar num salto espetacular! O corpo do atleta, que é cego mas ainda segue as leis da física, continua na velocidade em que estava. E aí, como a mão do atleta cego é treinada para não soltar a bengala quase em hipótese alguma, pois soltando a bengala na rua o cego solta seu tato, ele tem duas opções: ou leva um solavanco da própria companheira inseparável, que presa no buraco não acompanhará o próximo passo do atleta e fará as vezes de um obstáculo de pé no meio do caminho, ou ele aproveita o impulso para executar um lindo salto e, quem sabe, assim chegar até mais cedo em seu destino. E por falar em obstáculo, se houver um canteiro, um poste, uma árvore, um saco de lixo logo após o buraco que segurou a bengala, a aventura fica ainda mais emocionante! Se ganhássemos prêmio por nossas performances nesse esporte, esta modalidade, Salto com Bengala com Obstáculos Surpresa, deveria dar um premiozinho melhor...
Além desta descoberta, a semana pra mim trouxe outras aventuras e novidades. Um dia acordei com o canto dos pássaros e do galo; os passarinhos estavam lá fora, e o galo... bem no meio da testa. Lembrei-me então do atropelamento da noite anterior. Pois é, foi um atropelamento, eu atropelei a porta. No dia seguinte pude perceber quantos amigos eu tenho; contei o acontecido no Twitter e dois minutos depois várias pessoas me ligaram, perguntando pela porta. É, meus amigos, eu digo que a porta sobreviveu, mas o galo, graças a Deus já se foi. Minha orientação espacial até que está se desenvolvendo muito bem, e não atropelo portas nem paredes com freqüência, o que aconteceu foi que interrompi um trajeto que estava fazendo dentro de casa para ir conferir uma panela no fogão, que eu acabara de me lembrar, e me atrapalhei com a quebra de rota. Pra vocês verem que nós aqui do apagão nem precisamos sair de casa pra ter aventura. Muitas simples tarefas domésticas como ferver uma água no fogão parece que viram um bicho de sete cabeças depois que se perde a visão, mas só parece. A reabilitação, que é uma prática orientada por profissionais, vem justamente nos ajudar a reaprender diversas tarefas e a desenvolver nossos outros sentidos de maneira mais funcional. A profissional que está me acompanhando neste processo é a terapeuta ocupacional Suely Carvalho, que está se tornando também uma amiga querida. Ela ajuda a tornar as coisas bem mais leves e divertidas, do jeitinho que a gente gosta, né?  E, além das várias atividades que realizamos, escolhi como o primeiro ambiente doméstico a ser desbravado a cozinha, o melhor lugar da casa, e também o que oferece mais riscos. Nossa, vocês não imaginam minha felicidade quando fiz, umas semanas atrás, meu primeiro feijão! E o melhor: saldo zerado de cortes, queimaduras ou explosões. Que alegria! A gente fica que nem criança com essas pequenas conquistas. Agora eu e a temida panela de pressão somos amigas íntimas. Esta semana foi a hora de reaprender minha adorada pipoca e o café. Por enquanto meu vasto repertório culinário inclui feijão, pipoca, gelatina, café e feijão e pipoca e gelatina e café e... Mas garanto que em breve estarei preparando o banquete, e convidarei todos os amigos e familiares que acreditam na minha superação; e os que um dia duvidaram também serão convidados, e terão que lavar os pratos. HEHEHE
Outro dia conto mais aventuras pra vocês! Pois elas são muitas e diárias.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Uma questão de segurança

Pessoal! Vocês viram o furo? Que não foi de reportagem, mas de repórter, e que furo! Ao fim da entrevista, a criatura me estende a mão para o entrevistado cego e fica esperando que ele enxergue, com a terceira visão, e lhe retribua o cumprimento... E aí, é claro, foi aquele constrangimento. Eu não vou nem citar o nome da desinformada aqui pra não lhe reforçar a fama negativa. Até porque o CQC já se encarregou de deixa-la mais famosa que o sanduicheiche. (Quem não se lembra desta pérola? Ta no Youtube) A conclusão que a gente chega é que a tal repórter não conhece o nosso blog, né? hehe Porque eu já dei esta dica na postagem HUMILDADE, O MELHOR COMEÇO. E não sou só eu, tem por aí muita gente ensinando, blogs, livros, e até esses manuaizinhos “Como Manusear- ops, “Como Lidar com Pessoas com Deficiência”, quem se interessa em se informar, e seja repórter ou não, tem bastante opção, não vai poder dizer que não encontrou orientação. Aliás, esta moça resume bem o que é a nossa mídia, despreparada e desinteressada em saber como abordar não só as pessoas com deficiência e os assuntos relativos a este universo, mas tantos outros temas. Olha, dá pra escrever um livro só com as pérolas abobrosas que coleciono de jornalistas que me entrevistavam ou falavam sobre mim. Se juntar então com as tantas que meus amigos com deficiência já presenciaram, dá pra montar um dicionário.
Vamos aproveitar a deixa então e partir para uma próxima dica: como guiar uma pessoa com deficiência visual. Esta é, mais que uma questão de constrangimento, uma questão de segurança. Fico imaginando se nossa querida repórter tivesse que guiar o entrevistado cego; não gosto nem de pensar no estrago! Esta é uma das dúvidas mais críticas das pessoas e é realmente uma tarefa que quando mal feita provoca muitos acidentes. Então como guiar sem jogar o sujeito no chão, na vala, na parede? Vou explicar. Mas antes, vocês sabem o nome do japonês cego? (tem que ler com sotaquinho) TTakokara Nomura! ... Aiaiai... Retomando, o primeiro passo é perguntar à pessoa se ela precisa de ajuda e se ela deseja ser guiada. “Se quiser me ajudar, pergunte primeiro se eu preciso...” já diz a música PRA QUÊ, lá no iniciozinho do blog. A pessoa pode estar num ambiente familiar e pode realmente não precisar de ajuda para se locomover. Mas, perguntar não ofende e oferecer ajuda faz parte, graças a deus, da nossa condição de ser humano evoluído. Você pode encontrar por aí uns cegos ignorantes, que vão negar sua ajuda com prepotência e agressividade. Tem gente que se enche de coragem e vai oferecer ajuda a um cego pela primeira vez na rua, logo de cara é dispensado com uma patada, traumatiza-se e diz que nunca mais oferece ajuda a nenhum deles. Calma, minha gente, tem gente grosseira e mal humorada em todos os segmentos da sociedade, bem como tem cego de todo tipo, e eu garanto que a maioria deles vai ficar é muito feliz com uma ajuda bem dada.
Segundo passo: se a pessoa quiser ser guiada, nada de puxá-la pela mão, pela bengala ou colocá-la à sua frente e sair empurrando. “...se for me guiar, não me empurre à sua frente” mais uma vez a música ensina, a mesma PRA QUÊ. Vocês podem simplificar as coisas apenas encostando o braço no braço da pessoa para que ela escolha segurar em seu cotovelo ou em seu ombro. Como vocês são os guias, são vocês quem vão à frente. Fiquem tranqüilos que a própria pessoa vai se colocar a uma distância de um ou meio passo para trás. Tocando no braço do guia e caminhando um pouquinho atrás, a pessoa vai sentir pelos movimentos do seu corpo os degraus, viradas de esquinas e outros detalhes do caminho. Mas um degrau e outros ressaltos podem ser prenunciados: “Agora vamos subir um degrau”, “Agora vamos descer uma rampa.” Escadas rolantes e comuns DEVEM ser avisadas. Detalhe mais que importante: em passagens estreitas, como portas, elevadores, espaço entre mesas, avisem à pessoa por onde vão passar e dobrem o braço para trás, indicando a ela que siga atrás de vocês, e não mais ao lado. Complicado? nada! Com a prática vocês pegam o jeitinho.  Detalhe mais que mais que importante: cuidado, pelo amor de Deus, cuidado com obstáculos na altura da cabeça, como por exemplo ele, o maior inimigo dos transeuntes cegos, o mais temido dos obstáculos, o orelhão. Não tem coisa pior! Para os homens ele só perde para o capa-cego, aquele postezinho fininho de metal no meio da calçada para impedir a entrada de automóveis, muito comum na cidade do Rio de janeiro. Bom, nem preciso explicar o apelido do bendito... Pois é, então, já pensou? Para evitar qualquer tipo de acidente o que devemos ter em mente é o seguinte: Estou guiando uma pessoa, tenho alguém ao lado, portanto não tenho só mais o meu caminho para olhar e cuidar, devo estar atento aos dois caminhos. Bonito, né? Pois é exatamente com este pensamento que se guia uma pessoa cega ou com baixa visão em plena segurança. Agora ouçam a música PRA QUÊ no Youtube, ou no meu site www.sarabentes.com e inspirem-se. E em breve tem mais dica por aqui. Enquanto isso vocês vão praticando por aí e oferecendo os préstimos aos conhecidos e desconhecidos com deficiência visual e depois venham me contar no que deu.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Telelibras

Vocês conhecem o Telelibras? É um telejornal bastante diferente e inovador. Ele foi criado pela ONG Vez da Voz para preencher uma lacuna na vida das pessoas surdas, que da camada da população que tem algum tipo de deficiência são as mais isoladas da informação. Uma maioria esmagadora dos surdos se comunica somente pela Libras – Língua Brasileira de Sinais, e não compreende o português, principalmente na escrita. Neste caso, não adianta jornal impresso, nem livro e nem a legenda na TV. Parece surreal, não é mesmo? Como pode um grupo grande de brasileiros, nascidos e crescidos em nosso país, não compreender nossa língua? Mas esta é a realidade dessas pessoas, e a língua de sinais é a língua mãe delas. Pensando nisso foi que a presidente da Vez da Voz, Cláudia Cotes, criou o Telelibras, que é apresentado em português e em Libras! Um intérprete da língua de sinais fica ao lado do apresentador ou repórter que dá a notícia, no mesmo plano de imagem, do mesmo tamanho, nada da janelinha no cantinho da tela tirando do surdo a oportunidade de manter o olhar no acontecimento central, no plano geral da tela. Além disso a bendita da janelinha costuma ser tão pequena que o surdo, além de já toda a superação para viver num mundo nada preparado para ele, tem que desenvolver uma super-visão para conseguir decifrar os sinais do intérprete. E para atender também às pessoas surdas que não dominam a Libras e utilizam a língua portuguesa, o Telelibras também tem legenda! Mas a intenção do nosso Telelibras não é se restringir a este público, os assuntos abordados são de interesse de toda a população e os recursos adotados no formato do programa o tornam acessível a qualquer pessoa, que tenha ou não qualquer deficiência. Mais recentemente, fazendo questão de ser para todos, o telejornal passou a contar com a áudio-descrição, recurso que atende aos telespectadores com deficiência visual. Pra quê serve? Experimente um dia assistir a um filme, ou a um capítulo da novela ou mesmo a um comercial de olhos fechados e depois venha me contar se entendeu alguma coisa... A áudio-descrição é um recurso para tornar acessível a quem não enxerga as informações visuais de uma cena, e já é uma realidade em alguns cinemas, teatros, óperas e outros tipos de espetáculos nos grandes centros, uma realidade que tem proporcionado a pessoas cegas momentos inéditos, verdadeiros êxtases no contato com a arte, inclusive a uma tal de Sara... bentes. Mas a experiência dessa mocinha aí com a áudio-descrição deixo pra contar outro dia.
Para ficar ainda mais legal, o Telelibras não promove somente a inclusão dos telespectadores; diante das câmeras a diversidade e a integração de pessoas com deficiência também rolam soltas! Pra relembrar que as diferenças estão em todos nós, o Telelibras conta com uma equipe de apresentadores bem diversificados, uma loira, uma morena, um negro, uma negra, um japonês, um idoso, todos se revesando nas notícias de estúdio. E espera aí que tem mais: os repórteres, que gravam matérias e entrevistas externas, são pessoas com deficiência intelectual, física, visual e auditiva. Eu entrei no Telelibras integrando esta turminha das externas, mas nosso telejornal totalmente acessível ama tanto a diversidade que acabei indo parar nos estúdios, como apresentadora. Como assim uma apresentadora que não enxerga? Pois é. Mas esta história também vou deixar para daqui uns dias, pois ela é uma história que envolve muita superação, lágrimas, vitórias, riso, muitos micos e muito trabalho! Por enquanto concluo convidando todos vocês a conhecerem, enfim, o Telelibras! Afinal bem melhor que falar é mostrar: www.vezdavoz.com.br
Além do site da ONG, outros portais na internet e alguns canais de TV exibem o Telelibras. Aproveitem! E não se esqueçam de indicar a quem também pode se beneficiar dele.

sábado, 3 de julho de 2010

Audioteca da SPLEB

Bom, já falei aqui da audioteca Sal e Luz e da necessidade da autonomia na leitura. Graças à solidariedade das pessoas existem por aí mais audiotecas do que eu pensava! Eu já sabia da existência da SPLEB – Sociedade Pró-Livro-Espírita em Braille, mas foi só esta semana que descobri que a organização, além de transcrever livros para o sistema braille, tem uma audioteca. O acervo inclui livros espíritas, espiritualistas e afins. Sucessos recentes como “A Cabana” e “A Lição Final” também estão lá! As obras gravadas por enquanto são 147, disponíveis em cd de áudio ou mp3. A audioteca recebe ainda solicitações de livros específicos; se a pessoa com deficiência visual está precisando ler um livro, seja ele de qualquer área que promova a instrução e a educação, ela pode solicitar a gravação ou a transcrição em braille deste livro. Que maravilha! As obras são solicitadas pelo e-mail: spleb@ig.com.br e são emprestadas e enviadas ao usuário de qualquer lugar do Brasil pelo serviço gratuito cecograma.
Conheça mais em: http://www.spleb.org.br
Agradeço ao Papai do céu por iniciativas como esta, de criaturas cheias de amor. Os ledores de audiotecas como a da SPLEB e a Sal e Luz são sempre voluntários. E aí a gente fica pensando: tem tanta gente por aí que diz entrar em depressão por não ter nada o que fazer... O que é isso, minha gente? O que não falta neste mundo, graças a Deus, é trabalho voluntário e movimentos do bem só esperando a força de mais um! De uma coisa tenho certeza: os ledores acabam se beneficiando tanto quanto ou mais que o usuário do serviço. Primeiro porque os livros são sempre instrutivos, segundo simplesmente porque o conteúdo da leitura em voz alta é infinitamente mais assimilado pela cuca do que a leitura silenciosa. Então, bora, galera, ler e gravar livros pra nós! 