quarta-feira, 7 de julho de 2010

Uma questão de segurança

Pessoal! Vocês viram o furo? Que não foi de reportagem, mas de repórter, e que furo! Ao fim da entrevista, a criatura me estende a mão para o entrevistado cego e fica esperando que ele enxergue, com a terceira visão, e lhe retribua o cumprimento... E aí, é claro, foi aquele constrangimento. Eu não vou nem citar o nome da desinformada aqui pra não lhe reforçar a fama negativa. Até porque o CQC já se encarregou de deixa-la mais famosa que o sanduicheiche. (Quem não se lembra desta pérola? Ta no Youtube) A conclusão que a gente chega é que a tal repórter não conhece o nosso blog, né? hehe Porque eu já dei esta dica na postagem HUMILDADE, O MELHOR COMEÇO. E não sou só eu, tem por aí muita gente ensinando, blogs, livros, e até esses manuaizinhos “Como Manusear- ops, “Como Lidar com Pessoas com Deficiência”, quem se interessa em se informar, e seja repórter ou não, tem bastante opção, não vai poder dizer que não encontrou orientação. Aliás, esta moça resume bem o que é a nossa mídia, despreparada e desinteressada em saber como abordar não só as pessoas com deficiência e os assuntos relativos a este universo, mas tantos outros temas. Olha, dá pra escrever um livro só com as pérolas abobrosas que coleciono de jornalistas que me entrevistavam ou falavam sobre mim. Se juntar então com as tantas que meus amigos com deficiência já presenciaram, dá pra montar um dicionário.
Vamos aproveitar a deixa então e partir para uma próxima dica: como guiar uma pessoa com deficiência visual. Esta é, mais que uma questão de constrangimento, uma questão de segurança. Fico imaginando se nossa querida repórter tivesse que guiar o entrevistado cego; não gosto nem de pensar no estrago! Esta é uma das dúvidas mais críticas das pessoas e é realmente uma tarefa que quando mal feita provoca muitos acidentes. Então como guiar sem jogar o sujeito no chão, na vala, na parede? Vou explicar. Mas antes, vocês sabem o nome do japonês cego? (tem que ler com sotaquinho) TTakokara Nomura! ... Aiaiai... Retomando, o primeiro passo é perguntar à pessoa se ela precisa de ajuda e se ela deseja ser guiada. “Se quiser me ajudar, pergunte primeiro se eu preciso...” já diz a música PRA QUÊ, lá no iniciozinho do blog. A pessoa pode estar num ambiente familiar e pode realmente não precisar de ajuda para se locomover. Mas, perguntar não ofende e oferecer ajuda faz parte, graças a deus, da nossa condição de ser humano evoluído. Você pode encontrar por aí uns cegos ignorantes, que vão negar sua ajuda com prepotência e agressividade. Tem gente que se enche de coragem e vai oferecer ajuda a um cego pela primeira vez na rua, logo de cara é dispensado com uma patada, traumatiza-se e diz que nunca mais oferece ajuda a nenhum deles. Calma, minha gente, tem gente grosseira e mal humorada em todos os segmentos da sociedade, bem como tem cego de todo tipo, e eu garanto que a maioria deles vai ficar é muito feliz com uma ajuda bem dada.
Segundo passo: se a pessoa quiser ser guiada, nada de puxá-la pela mão, pela bengala ou colocá-la à sua frente e sair empurrando. “...se for me guiar, não me empurre à sua frente” mais uma vez a música ensina, a mesma PRA QUÊ. Vocês podem simplificar as coisas apenas encostando o braço no braço da pessoa para que ela escolha segurar em seu cotovelo ou em seu ombro. Como vocês são os guias, são vocês quem vão à frente. Fiquem tranqüilos que a própria pessoa vai se colocar a uma distância de um ou meio passo para trás. Tocando no braço do guia e caminhando um pouquinho atrás, a pessoa vai sentir pelos movimentos do seu corpo os degraus, viradas de esquinas e outros detalhes do caminho. Mas um degrau e outros ressaltos podem ser prenunciados: “Agora vamos subir um degrau”, “Agora vamos descer uma rampa.” Escadas rolantes e comuns DEVEM ser avisadas. Detalhe mais que importante: em passagens estreitas, como portas, elevadores, espaço entre mesas, avisem à pessoa por onde vão passar e dobrem o braço para trás, indicando a ela que siga atrás de vocês, e não mais ao lado. Complicado? nada! Com a prática vocês pegam o jeitinho.  Detalhe mais que mais que importante: cuidado, pelo amor de Deus, cuidado com obstáculos na altura da cabeça, como por exemplo ele, o maior inimigo dos transeuntes cegos, o mais temido dos obstáculos, o orelhão. Não tem coisa pior! Para os homens ele só perde para o capa-cego, aquele postezinho fininho de metal no meio da calçada para impedir a entrada de automóveis, muito comum na cidade do Rio de janeiro. Bom, nem preciso explicar o apelido do bendito... Pois é, então, já pensou? Para evitar qualquer tipo de acidente o que devemos ter em mente é o seguinte: Estou guiando uma pessoa, tenho alguém ao lado, portanto não tenho só mais o meu caminho para olhar e cuidar, devo estar atento aos dois caminhos. Bonito, né? Pois é exatamente com este pensamento que se guia uma pessoa cega ou com baixa visão em plena segurança. Agora ouçam a música PRA QUÊ no Youtube, ou no meu site www.sarabentes.com e inspirem-se. E em breve tem mais dica por aqui. Enquanto isso vocês vão praticando por aí e oferecendo os préstimos aos conhecidos e desconhecidos com deficiência visual e depois venham me contar no que deu.

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