sábado, 19 de março de 2011

Campanha do Apagão

Outra noite eu tomava banho na casa de uma amiga e sua mãe gritou da porta: “Menina! Ta tomando banho no escuro?” Minha amiga deu uma boa risada. “Mãe, esqueceu que ela não precisa de luz?” ela falou. Ali eu me dei conta do favor que tenho feito ao planeta economizando, há quase um ano, uma boa quantidade de energia elétrica! Às vezes, ao entrar em um cômodo, meu corpo ainda sente o impulso de erguer o braço e acender a luz, mas logo me lembro de que sou uma pessoa com... “independência visual”, e não preciso da luz elétrica. Uma amiga minha, cega há 20 anos, até hoje mantém o hábito de acender a luz em todo cômodo que entra à noite, e ainda consegue se lembrar de apagar quando sai. Era só o que me faltava: uma cega com medo do escuro. Pra quê, minha gente, se podemos economizar energia e contribuir com o meio ambiente? Ela diz que prefere evitar o susto das pessoas de entrar em casa e encontrar alguém no escuro. Assim como nós nos acostumamos com os sustinhos de esbarrar com alguém no silêncio, as pessoas se acostumam a nos encontrar no escuro.

Hoje são muitas as idéias e os projetos sendo desenvolvidos para tentarmos reverter, ou simplesmente amenizar, os estragos que nós mesmos provocamos em nosso planeta. E, em se tratando de fontes alternativas de energia, são cada vez mais impressionantes e inovadoras as técnicas de captação. Depois da energia solar, da eólica, da energia captada dos pulos dos jovens através do pavimento de danceterias, da energia aproveitada de gases dos dejetos de animais, agora até as fezes humanas são transformadas em eletricidade. É isso aí, pessoal, o número 2 pode acender as luzes das nossas casas. É tudo uma questão de engenharia e, claro, de investimento. Enquanto ainda não temos meios de aproveitar em nosso dia a dia todos os tipos de energia que nós mesmos produzimos, simples mudanças de hábitos e a criação de novos já ajudam na preservação da nossa casa Terra. E eu estou aqui hoje propondo um novo hábito a vocês e lançando a Campanha do Apagão. Não, não é aquele apagão de todas as luzes da casa durante 10 minutos marcado pela Internet em várias partes do mundo, como aconteceu em Abril do ano passado e que, aliás, é muito legal. Mas a idéia aqui é outra: façam mais coisas no escuro, acendam menos as luzes da casa quando estiverem sozinhos, conversem no escuro e vejam como ouvirão melhor a voz do outro, suas nuances mais sensíveis, sua essência e o que realmente ela quer dizer, cantem no escuro e sintam a vibração da própria voz, tomem banho no escuro e exercitem o tato, realizem tarefas automáticas no escuro, como lavar a louça, trocar de roupa, dobrar as cobertas, andem pela casa de olhos fechados e trabalhem a noção espacial, bem como a calma e a perseverança, ponham vendas para namorar, privando-se até mesmo da penumbra do quarto, e percebam muito mais intensamente o outro. No início só não recomendo que se experimente cozinhar ou realizar outras tarefas que ofereçam alto risco de ferimento.

Alguns amigos e familiares, desde o meu “apagão”, espontaneamente passaram a experimentar fazer coisas em casa na completa ausência de luz, só para sentir na pele como seria a minha percepção. Estes são, sem sombra de dúvida, os que se tornam mais cúmplices, mais sensíveis às minhas dificuldades e mais familiarizados com as melhores maneiras de ajudar e de interagir, comigo e com qualquer pessoa que não enxerga. Mas não é só isso que eu e eles ganhamos com a experiência; vira e mexe e algum deles vem me contar descobertas incríveis e sentimentos surpreendentes com os quais têm entrado em contato se privando da visão por uns momentos. E ainda, de quebra, eles economizam luz. Já a Campanha do Apagão propõe: economizem luz, realizando tarefas no escuro! É simples, barato, e vocês ainda levam de brinde o aprimoramento dos outros sentidos, a sensibilidade para compreender as dificuldades de outras pessoas, o intenso contato com novos e enriquecedores sentimentos e sensações e uma boa oportunidade de se conhecerem melhor! Puxa, as vantagens parecem boas! Nós ajudamos o planeta e nos tornamos pessoas mais sensíveis. Que bom, porque nos tornando pessoas mais sensíveis ajudaremos cada vez mais o planeta. Afinal, o planeta, aquela bola gigante aparentemente inalcançável em seu todo e, pela televisão, quase um caso perdido, é um pedaço, é um espelho, é cada um de nós. E começa dentro da nossa casa.

Espalhem a campanha por e-mail e venham me contar, aqui mesmo nos comentários dessa postagem, suas experiências com o apagão. Tenho certeza de que vocês terão relatos divertidos e surpreendentes. To esperando vocês!

Pessoal que já vive no apagão como eu, incentivem a campanha entre amigos e familiares!

Sara sorrindo, de olhos fechados, com camiseta verde com a seguinte estampa: Campanha pela salvação do planeta - Faça como eu: economize luz!

domingo, 13 de março de 2011

Siempre Estarás en Mí

Foto em preto e branco mostra Fito Paez tocando um piano em uma pequena sala, com fotos emolduradas na parede, ao fundo.
Eu tinha doze anos. Era hora do almoço, o sol estava forte e eu estava sozinha dentro do micro-ônibus escolar, parado, esperando o restante dos alunos para voltarmos à casa. Foi quando ouvi no rádio do veículo, sintonizado numa rádio jovem da região, uma raridade, uma música que nunca mais ouvi na mesma rádio. E talvez realmente ela nunca mais tenha tocado ali, mas pelo menos uma vez, no momento certo, ela precisou tocar, pra que eu a pudesse ouvir. A letra da música não compreendi bem, falava alguma coisa de mariposa. Reconheci a voz do Caetano, inconfundível, e a outra voz... hum, era uma voz igualmente única e marcante, tinha um sotaquinho simpático e muita personalidade, alma, uma voz que eu nunca tinha ouvido, mas era como se ela sempre tivesse estado em mim.

Nove anos depois, eu estava no teatro El Libertador, em Córdoba, Argentina, cantando a mesma música que falava da mariposa. Mas não uma mariposa qualquer, uma Mariposa (em português, borboleta) Tecknicolor! Eu sabia que seu autor, o cantor e compositor argentino Fito Páez, era muito querido em seu país, o que eu não sabia era que aquelas duas mil e poucas pessoas cantariam em coro comigo aquela música como se fosse um hino, cantado por todas as idades, a alta voz, cada frase e palavra mais que decoradas. Aquela foi, sem dúvida, uma das maiores emoções que já vivi num palco. Não só pela estrondosa surpresa, ou pela beleza da música, que envolve com alegria a todos que a escutam, mas pela forte presença da arte de Fito em minha vida desde o início da adolescência. Sim, fui uma adolescente estranha, que ouvia música argentina enquanto minha turma de escola estava <br />Foto em close de Fito, de perfil, olhos fechados e rosto levemente voltado para cima.ouvindo os maiores sucessos dance; eu pedia pra minha mãe fazer bolo nos 13 de Março e comemorava daqui de longe o aniversário e a vida do meu ídolo argentino; meu pai, nas frustrantes tentativas de me acordar às cinco e meia da manhã pra ir à escola, depois de esgotar seu repertório de argumentos e estímulos, dizia-me que tinha alguém me chamando no portão, um moço magro, de cabelos cacheados, nariz avantajado, e que falava meio enrolado, com um sotaque argentino, e eu acordava sorrindo diante da fantasia. Já se vão 17 anos desde a primeira vez que ouvi aquela mariposa voar, e ainda hoje ela e seu dono me fazem sorrir.

Sempre fui bastante eclética e gostei de ouvir música de todo canto do mundo, e não foi difícil pra mim me abrir a uma música tão diferente da nossa, tão passional e intensa como a de Fito, uma música que nem todo mundo curte de cara. Sua voz, nem sempre comprometida com a afinação e com a polidez, tem algo que muitas vozes por aí com mestrado e doutorado não conseguem conquistar, e, a quem vive na mesma sintonia de amor, de sinceridade e de coragem, encanta, arrebata. Essa voz, que já me trouxe tanta poesia, tanta inspiração, tantos novos sentimentos e sonhos, acompanhou tantos momentos difíceis trazendo consolo, acompanhou tantos momentos felizes trazendo ainda mais combustível, até hoje é capaz de me arrepiar, e soa tão familiar e arraigada que parece a voz de um pai, um pai que me chama de manhã cedo dizendo: “Lá no portão a vida te espera. Vem, vem viver!” E, além de colorir minha vida com sua Mariposa Tecknicolor, seu Circo Beat, sua Euforia e tantos outros grandes trabalhos, ele acabou se tornando sim uma grande referência musical.

A adolescência acabou faz tempo, mas eu sigo sempre na mesma Fitomania, na mesma Fitoterapia sem planta. ;) E hoje, em mais um 13 de Março, no nosso Fito´s Day, deixo aqui minha lembrança, minha homenagem, meu agradecimento a este artista tão importante, com um vídeo humilde em que eu e Rodolfo (meu teclado) estamos tocando e cantando uma versão que escrevi em português, mas bastante fiel à letra original, de uma canção das mais antigas do Fito: Las Cosas Tienen Movimiento, uma canção que, se Deus quiser e o Fito autorizar, estará no meu CD. ;) Minha cinegrafista e cúmplice, minha prima Aline, que também foi arrebatada pela música de Fito assim que a conheceu, apresentada por mim, e desde então foi uma grande companheira de shows, audições caseiras e buscas por mais informações sobre o artista, assina comigo esta homenagem.

Na verdade posso ouvir música árabe, italiana, chinesa, americana, indiana, posso conhecer e acolher em meu coração novos grandes artistas, mas o fato é que, Fito, siempre estarás, siempre estarás en mi! Y en fá, en sol, iluminando minha vida!





domingo, 6 de março de 2011

Presentinho só pra vocês!

É, pessoal, a temporada de Filhos do Brasil terminou e a saudade ficou... O público riu, chorou, vibrou, saiu do teatro de alma nova e transbordante de encantamento. Foi um sucesso! A Cia Mix Menestréis disse a que veio e deu ao povo todas as intensas e diferentes emoções que viveu no palco. Quem não foi, arrependeu-se; e quem foi, arrependeu-se também, de não ter ido outra vez! ;)


Existe a possibilidade de uma nova temporada em Sampa e de trazer o espetáculo para o estado do RJ. Agora é cruzar os dedinhos, enviar boas energias, pedir que os caminhos se abram e torcer! Enquanto isso, vocês que não foram, e vocês que foram e ficaram com gostinho de quero mais, fiquem agora com toda a alegria e a emoção de Leo e Bia, uma cena inteira do espetáculo:



Aproveitem!


Parabéns, menestréis queridos! Saudades já do tamanho do mundo! Love vocês tudo!!!