segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O Melhor Ano de Nossas Vidas


Mais um ano chega ao fim. Coisas a comemorar, coisas a lamentar, coisas a rever, coisas a aceitar; tudo bem, essas coisas todas cada ser humano tem. O importante é que essas coisas todas são nossa vida, sendo vivida, são nossas almas, sendo desafiadas a crescer, sendo experimentadas, aprendendo. Mais importante ainda: o que quer que tenhamos feito de nossas vidas neste ano que se finda, todos temos a grande oportunidade de fazer melhor nesse ano que chega...

Meus votos pra cada um de vocês está no fim do texto, numa mensagem que escrevi com muito carinho especialmente pra este momento. Mas antes, quero contar algumas coisas pra vocês; vocês, que estiveram por perto por mais um ano e que são a razão da minha arte e do meu trabalho. Este ano, com o apoio de vocês, tivemos avanços e novidades:

- Em janeiro, já abrindo o ano com surpresa, lançamos meu primeiro videoclipe, da música “Quem Pode”, do álbum “Em Frente Ao Planeta”. O clipe ta aqui: http://www.youtube.com/watch?v=SjC6UqRr9BY

- Em abril, depois de um intenso trabalho no Circo Crescer e Viver, estreamos em Londres o espetáculo “Belonging”, que, no mês seguinte, foi apresentado no Rio de Janeiro e em São Paulo. No espetáculo, cantei, atuei, dancei e estreei na lira, equipamento aéreo: http://www.youtube.com/watch?v=IaBG0TUFgqw

- Em setembro, lançamos o tão esperado videoclipe da minha música “Pra Te Ver Dançar”: http://www.youtube.com/watch?v=lJr4KNd-HWs

 - Agora no dia 2 de dezembro, dia nacional do samba, lançamos oficialmente meu samba “Choro Sara”, na versão que compõe meu novo CD, o “Invisível”. O Choro Sara ta aqui: http://soundcloud.com/sarabentesoficial/choro-sara-sara-bentes

Além, é claro, das participações como atriz no Teatro Cego, das apresentações cantando nos diversos eventos Brasil afora, das palestras, aulas e oficinas de canto, e dos estudos artísticos pra trabalhar sempre melhor pra vocês; E , um segredinho: este ano, com seus desafios e dificuldades, foi extremamente produtivo e inspirador pra novas composições, que em breve estarão prontinhas só pra vocês... E não paramos por aí! Neste ano, recebi meu registro como atriz, adquiri meu CNPJ e passei a emitir nota fiscal, voltei a escrever no nosso querido Boca e fizemos, pra vocês, diversas atualizações e melhorias no nosso site; agora, no www.sarabentes.com.br você encontra muito mais informação, as letras das minhas músicas, promoções frequentes e mais interação comigo, que tenho me empenhado em manter com todos uma comunicação cada vez mais fluida e imediata.

E, falando em interações possibilitadas pela tecnologia, novidade: minha música agora está disponível para o mundo! Os CDs “Faz Sempre Sol” e “Em Frente Ao Planeta” estão no Itunes e em dezenas de outros sites de venda de música. E, pra facilitar, tanto na compra do mp3 quanto na compra do CD tradicional, e na compra dos meus livros, em versões impressa ou digital, criamos uma nova loja, organizada, prática e muito mais simples de usar: http://www.sarabentes.com.br/page/loja/ Neste mês de dezembro, pra quem quer presentear com arte e boas energias, com trabalhos feitos com muito amor aqui mesmo no nosso país, qualquer livro impresso ou CD físico que for comprado na nossa loja, irá com um autógrafo personalizado!

Agora, pra finalizar, o que vem por aí: em janeiro próximo, vocês poderão acompanhar aqui no Boca a série “Vai Dar Tudo Certo (Se Não Der Tudo Errado)”, uma série semanal onde contarei os episódios mais desastrosos e cômicos que já vivi nos palcos e bastidores. Ainda no início do ano, meus dois videoclipes já lançados ganharão versões com audiodescrição! Graças a uma parceria com dois grandes audiodescritores do país, aos quais desde já agradeço com toda a minha alma. Em fevereiro, dia 25 (marque isso na sua agenda), meu novo CD, o “Invisível”, será lançado no Itunes! Veja aqui: http://www.youtube.com/watch?v=LMbAkFiq3aA e ouça uma prévia mais detalhada dele aqui: http://soundcloud.com/sarabentesoficial/demo-sara-bentes-cd-invisivel e, para um show de lançamento, ainda buscamos apoios e parcerias. No ano que vem programamos também a produção  e lançamento de um DVD, projeto já aprovado na lei federal de incentivo à cultura, a lei Rouanet, projeto para o qual também buscamos apoio.

Por tudo isso, o que foi realizado este ano e o que será no próximo, deixo meu “muito obrigada”, com muito amor, a todos: admiradores do meu trabalho, colegas de trabalho, parceiros, participantes das promoções, seguidores, leitores do Boca. Lembrando que, neste fim de ano e sempre, vocês podem utilizar minhas músicas em seus vídeos no youtube, como abertura, fundo ou fechamento, em suas vídeo-mensagens de fim de ano e qualquer outra. Lembrando ainda, pra quem não sabe onde me achar:

Que a gente esteja junto por mais um ano e seguem meus votos pra todos nós:

Ufa! Foi um ano difícil, pra todos nós e pra nossa casa Terra.
Mas lá vem um outro ano, uma nova etapa, nova oportunidade.
Que a gente aproveite muito essa nova oportunidade,
Que não nos falte a esperança, os sonhos, e a motivação nossa de cada dia;
Que a gente não se acostume nem se anestesie com as notícias terríveis que nos bombardeiam todos os dias; 
Que os conflitos desse nosso planeta aparentemente enlouquecido não nos desanimem,
Mas que sejam motivação pra sermos cada vez melhores,
E pra sermos o bálsamo de alegria e amorosidade de que o mundo precisa;
Que toda essa loucura nos ensine e nos seja exemplo do que não ser;
E que a gente se esforce pra ser o exemplo do contrário:
exemplo de harmonia, de honestidade, de cuidado com o outro e com nosso meio ambiente;
lembrando que: Nosso mundo ideal e nosso exemplo começam em casa-
Que a gente assuma nossa luz;
E Que nunca se canse de mergulhar no mar infinito e deslumbrante de nós mesmos
Pra avaliar nossas atitudes e pensamentos, que é onde tudo começa;
Que a gente se cerque de bons amigos, boas energias e boa arte;
Que saiba dizer o sim e o não, e que saiba a hora de não dizer nada;
Que possa enxergar a beleza na dor
e extrair dela toda a luz e a alegria de estar crescendo;
Que 2015 seja o melhor ano de nossas vidas!
Um Feliz Natal e um maravilhoso ano novo!


Beijos da Sara ;)

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Coisas estranhas que me fazem feliz!


Ouvir música ao contrário - tudo de bom, abre a mente!
Rock argentino - aaaaaamoooooooo!!!!!
Pastel de doce de leite com chocolate e pêssego - acho que na pastelaria só eu pedia esse sabor...
Tomar banho com 2 sabonetes, e ficar com um cheiro na direita e outro cheiro na esquerda - essa meu sobrinho de 7 anos na época me ensinou. Bom demais!!!
Os monstros de Monstrópoles - ai quando o mundo aprender com eles a liberdade da diversidade... Amo de paixão!
Conversar ouvindo uma língua e falando (ou tentando falar) outra - treina o cérebro, é excelente!
Brincar de sanduicheiche - isso é divertidoido!!
Estourar plástico bolha - delícia, delícia!
Estourar na boca ao mesmo tempo um tomatinho cereja e uma azeitona sem caroço - o céu...
Aquecimento vocal - é esquisito demais... Mas gostoso, e necessário (só tem que ter cuidado onde fazer pra não ser internado na camisa de força).
Cantar uma música com a letra de outra (funciona perfeitamente por exemplo com Asa Branca e Assum Preto) - experimente!); Aprendi com meu pai, e é o que mais gostamos de fazer pra enlouquecer as pessoas...
Estalinhoterapia; pense no motivo da sua raiva, concentre-se nele, jogue uns 2 ou 3 estalinhos ao mesmo tempo e grite junto; pra liberar a raiva é bem mais divertido que saco de areia pra socar; experimente, você não vai se arrepender!
Feijão, arroz e limão; os chefes que me desculpem, mas não tem coisa melhor que um belo limão espremido sobre um prato de arroz com feijão!
Coleção de gargalhadas; desde os 13 anos coleto gargalhadas de diferentes pessoas com meu gravadorzinho portátil, depois as reúno em um só arquivo e me escangalho de rir...
Conta pra mim aqui na seção de comentários que coisas estranhas te fazem feliz, pra que outras pessoas possam conhecer e, quem sabe, experimentar novas maneiras de encontrar alegria!

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Num Picadeiro Sem Luz

Talvez já estivesse no sangue, em algum gene, em algum impulso do fundo da alma. Antes mesmo de aprender a andar, e ainda sem nada enxergar, eu pulava o berço. Ninguém sabia como, ninguém nunca viu; quando viam, eu já estava engatinhando no meio do quarto, feliz por ter me libertado. Ninguém viu também como, um belo dia da mesma época, fui parar no meio da escada sem corrimão que subia para o quintal. Sem falar das proezas, agora já maiorzinha e enxergando um pouco, em cima das árvores, brinquedos altos do parquinho da escola, camas elásticas e barras de exercícios nas quais minhas coleguinhas que praticavam ginástica olímpica, atividade que eu sonhava fazer mas não era recomendado, ensinavam-me a dar cambalhotas, pra frente e pra trás.


O tempo passou, esses impulsos aparentemente infantis foram adormecendo, ou se manifestando em forma de coragem pra sair pela vida. Mas a vontade de “voar, voar, subir, subir” continuava aqui, e quando assisti a um espetáculo de circo que envolvia pessoas com deficiência, em São Paulo, logo busquei meios de me incluir ali. Só que o grupo ainda não tinha ninguém com deficiência visual, e talvez tenha preferido não arriscar. Desconheço os motivos, mas as portas não se abriram. Anos depois, e agora vejo que na época certa, as portas de outro picadeiro se abriram pra mim. Despretensiosamente, e na verdade como um capricho, uma expressão de raiva transformada em movimentos, eu dançava numa mostra de artes no nordeste. Eu era convidada apenas para cantar, mas inventei de dançar também, uma dança do ventre diferente, onde a Izadora era minha parceira de dança, representando a bengala da tradicional dança árabe, bengala que simboliza a força feminina, a mulher guerreira. (link pro vídeo da dança: https://www.youtube.com/watch?v=c4doezLNhV8 ) Por esses sincronismos do universo, estava na mesma mostra uma antiga conhecida, a dançarina Viviane Macedo, que estava procurando uma pessoa cega pra completar um grupo num novo projeto de circo. Bom, foi assim então que fui parar no circo Crescer e Viver, no Rio de Janeiro, que montava o espetáculo “Belonging”, em parceria com a cia. inglesa de teatro e circo Graeae.

O primeiro dia no circo era tão carregado de alegria, expectativa e curiosidade que nem me lembro de muitos detalhes; lembro-me de explorar trapézio e lira e fazer mil perguntas sobre eles e não me interessar muito pelos malabares ou outras modalidades que não me tirariam do chão... E o mais importante que me lembro: naquele dia conheci meu primeiro mestre de aéreos, o Milton Lopes, um artista de Cabo Verde, simpático e talentosíssimo que já trabalhava com circo em Londres havia alguns anos e que tem uma deficiência em uma das mãos. Ele nem chegou a me ensinar tantos truques assim, pois logo teve que retornar a seu país, mas as experiências que ele compartilhava comigo e suas considerações filosóficas e poéticas sobre o circo, contadas sempre com sua voz serena, inspiraram-me segurança e coragem pra continuar e passar por cima dos impulsos de desistência, mesmo quando o primeiro calo das mãos arrebentou, quando a curva da perna roxeou como quem toma uma surra, quando todos os músculos do corpo doeram e o primeiro sinal de tendinite no ombro apareceu.

Certa noite eu sonhei que estava no circo e que era meu dia de batismo. Eu estava sentada numa plataforma muito alta e tinha de pular dali no meio do picadeiro, sem rede, sem colchão nem nada. Todos aguardavam e me olhavam lá de baixo. Como em todo sonho eu posso ver, eu olhava lá pra baixo e a altura me fez paralisar de medo, e eu fiquei ali, até acordar, apavorada. Naquela manhã fui pro circo e descobri que logo naquele dia todos os alunos deveriam mostrar um número aos diretores e a todo o grupo. Assustada, fui reclamar com o Milton, argumentando que eu ainda não tinha um número pronto, que ainda não tinha segurança pra executar sozinha o pouco que havia aprendido. E parece que meu sonho estava estampado em meu rosto quando ele respondeu: “Então apresente o que você tem e nos brinde com o seu medo.” Uma emoção muito forte me bateu, como sempre me bate de novo quando me lembro, e ali entendi: no circo ou na vida, o medo vai sempre andar junto da coragem, e a beleza está em ficar amiga dele, porque ele é humano, assim como nós.

Numa corrida contra o tempo, porque deveríamos adquirir condicionamento e experiência para deixar pronto um espetáculo em breve, passei pelas mãos de alguns outros queridos mestres (Lurian, Vânderson, Dadá, Tina, Sarinha, Nina), todos aprendendo na prática como ensinar performance aérea a uma pessoa que não enxerga. E, entre sustos, tombinhos, entraves, descobertas e muita persistência, fomos aprendendo todos juntos. Tocar com as mãos os professores e colegas em suas performances, além da experiência que eu já tinha com a dança, foi o que me possibilitou me desenvolver na lira. Ah, é claro, sem esquecer ainda do mais importante: acreditar, e ter ao meu redor pessoas que também acreditavam.

Eu teria história pra mais de metro pra contar a vocês sobre minha experiência no circo, além das histórias e ensinamentos que ainda vou viver ali, pois estou só começando! Pra fechar, deixo então pra vocês dois trechinhos do nosso espetáculo “Belonging” e uma breve tentativa de descrição da minha sensação na lira durante o espetáculo:


Quando dou o impulso com o pé no chão para fazer girar a lira e ela começa a subir, é o rompimento, com o chão, com o mundo real, com o concreto, porque agora a lira sobe, sobe, girando rápido, e continua subindo, até chegar numa altura suficiente. O giro constante e a força dele em meu corpo trazem a tontura. Do enjoo já me livrei previamente com uma homeopatia contra enjoo que tomo antes do espetáculo começar. A música parece rodar em torno. O chão não existe. A única coisa palpável e firme que tenho ao meu alcance é a lira, e agora somos só eu e ela. Começo meus movimentos, corpo e mente estão muito acesos, atentos. Minha vida está em minhas mãos. Não consigo pensar em nada. Já nem ouço a música, só sinto a música, sou a música, sou a lira, somos as três uma coisa só, interligadas e interdependentes; minha coreografia tem que acompanhar o tempo da música, meu corpo tem que acompanhar o giro da lira, e a lira é parte do meu corpo, pois não podemos perder o contato um só segundo, seja pelas mãos, pelas pernas, pelo tronco. A extrema concentração, um fluxo único de energia, a tontura, a ausência de chão e de luz, tudo isso me leva a um transe consciente de liberdade. Sim, é ser livre, é estar cara a cara com o medo e poder dizer na cara dele quem é que manda aqui. É não ter chão pra tatear ou tropeçar, é não ter frente pra me preocupar, já que estou girando e qualquer frente é frente, não tenho que me preocupar se estou de lado ou de costas para a plateia. É ser livre porque é dançar e voar ao mesmo tempo. É ser livre porque é ser e estar, integralmente, no aqui e no agora.  

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Mergulho

Pensando bem, nossa vida é um grande mergulho: a gente já começa mergulhando num corpo físico pra estar aqui nessa dimensão terrena. Depois, é uma sequência de mergulhos a perder de vista; mergulhamos em relacionamentos, mergulhamos em realidades que não são as nossas, mergulhamos em conhecimentos e informações, mergulhamos em novas experiências. Os convites ao mergulho estão por toda parte e a todo instante. O que diferencia o resultado de cada mergulho e o que nos permite avaliar se valeu a pena ou não, é a profundidade. E é sobre isso, a profundidade, que meus dias atuais têm me levado a refletir.

Nosso mundo é cada vez mais imediatista, não é novidade. E nessa pressa não dá tempo de se aprofundar em muita coisa; nem numa conversa, porque temos pressa pra chegar na próxima reunião de trabalho; nem em conhecer melhor o outro conversando mais, porque temos pressa do prazer; nem no sabor da refeição, porque nos alimentamos pensando nos milhões de afazeres que ainda temos que cumprir pra garantir o pão de cada dia, que, aliás, está cada vez mais concorrido neste planeta super povoado; nem eu devo me aprofundar muito num texto do blog, porque hoje em dia ninguém mais tem tempo de ler textos grandes na rede. Tudo bem, não temos tempo de nos aprofundar porque a luta pela sobrevivência é maior. Mas tem muita gente por aí arranjando tempo pra se aprofundar na história do personagem da novela, mas não pra se aprofundar na sua própria história; tem gente se aprofundando nos conhecimentos e no trabalho, e não se aprofundando no auto conhecimento e na conexão com o filho que fez; tem gente se aprofundando na vida alheia e nos julgamentos, e não se aprofundando em seu próprio aprimoramento; tem gente se aprofundando na piada e na brincadeira, e não se aprofundando na própria saúde e nos próprios conflitos. É muito fácil aceitarmos os convites de mergulho em águas que não as nossas. Não nos parece um contrassenso? Quando pensamos num mergulho pra dentro de nós mesmos, a imagem é de águas escuras e frias, e dá medo. Uma conversa séria cara a cara, uma auto análise, uma revisão de nosso comportamento, uma viagem mental no tempo até a raiz de determinado medo ou trauma, uma terapia; nossos mergulhos internos são tão raros que nossas águas são desconhecidas de nós mesmos; e, como é inerente ao ser humano temer o desconhecido, tememos nossas próprias águas.

Mergulhe, cada vez mais fundo; como um mergulhador curioso, você vai se surpreender com as belezas que vai encontrar no fundo do seu mar. Claro, sabemos que não é só de lindos e coloridos corais que vive o universo marítimo, mas você tem seu oxigênio, e pode respirar, profundamente, quando quiser, pra encarar as assustadoras feras do mar, tomar fôlego e continuar mergulhando, fundo. E, mais que o oxigênio, você tem algo vital e que nunca te faltará, capaz de ressignificar o seu passado e do qual depende o seu futuro: o seu agora. Respire-o. Mergulhe. Encante-se com o fundo de seu mar.

Release – Sara Bentes

Sara Bentes é cantora, compositora e atriz, premiada internacionalmente, com participações em festivais de arte nos Estados Unidos, Argentina e Itália; Sua experiência na música passeia pela mpb, samba, choro, música infantil e música internacional, em apresentações solo, com banda, com orquestra e coro. Em 2012, em parceria com amigos e com o pai, Sergio Bentes, Sara lançou seu primeiro CD infantil, intitulado “Faz Sempre Sol”, e em 2013 lançou o CD “Em Frente ao Planeta”, que leva mensagens e reflexões sobre sustentabilidade e amor ao planeta e ao ser humano. Sara foi uma das protagonistas do Projeto Percepções, expedição de três meses por 9 países da América do Sul, exibido semanalmente pelo programa Fantástico, rede Globo, de Novembro de 2005 a Fevereiro de 2006; além da participação no quadro Mulheres que Brilham no programa Raul Gil – SBT, e entrevista na novela América – Rede Globo, traz diversas participações em programas de TV, reportagens e documentários. Sara atua ainda na literatura, no circo e na dança, lançou em 2011 seu primeiro livro: “Fotografias Poéticas de um Olhar Viajante”, lançou em 2013 o livro de crônicas “Quando Botei a Boca no Mundo”; integra a Cia de teatro Mix Menestréis, dirigida por Deto Montenegro, e o projeto Teatro Cego, sob a direção de Paulo Palado (ambos em São Paulo); na dança Sara traz práticas na dança do ventre, dança contemporânea, ballet clássico e dança de salão. Além da carreira artística, Sara ministra palestras e é consultora de inclusão de pessoas com deficiência, sempre aliando sua arte a esta prática. 

Vídeos:

Contatos: 
55 - (11)97030-4747
55 - (24)99948-4030

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Belonging



4 pessoas voando: Andrezinho, Marcos, Vivi e eu. 4 brasileiros que, com um tipo de aparato que simulava asas, podiam voar; voavam e riam, riam muito, se divertiam. Pra voar não precisavam de suas cadeiras de rodas, muletas, bengalas ou intérpretes de língua de sinais, só precisavam estar leves e voavam. Eu indicava o caminho, apesar do André teimar que o caminho era outro, enquanto o Marcos só ria aquela sua risada solta deliciosa, e a Vivi... Bom, a Vivi, como dona do sonho, voava e observava tudo com atenção, pra depois, acordada, contar tudinho pra gente, como ela realmente fez numa manhã lá em Londres. Esses 4 brasileiros de verdade voaram juntos, e continuarão voando; que alegria fazer parte deste voo!

Desde muito tempo eu me imaginava no circo. Por algumas vezes me pareceu que chegava minha oportunidade de entrar nesse mundo mágico, mas... foi uma sequência de alarmes falsos. Só que, quando chega a hora, ela chega com força... E, por caminhos inusitados e engraçados, como um número de circo mesmo, ano passado fui parar no mundo circense. Mas essa história, do início desse voo pro circo, e das curiosidades do meu processo de estudo num aparelho aéreo como a lira, deixo pra outro dia... Porque hoje quero contar como tem sido este voo e pra onde ele já nos leva. Depois de só 4 meses treinando técnicas circenses no circo Crescer e Viver, no Rio de Janeiro, estreiamos em Londres em 15 passado, em parceria com a cia de teatro e circo Graeae, o espetáculo “Belonging”. No elenco estávamos eu, Viviane Macedo, André Souza, Marcos Silva, Jhonatas Cruz e uma dezena de atores ingleses. Sob a direção de Vinícius Daumas, cofundador do circo Crescer e Viver, o espetáculo será apresentado, com alterações, no Rio de Janeiro e em São Paulo no mês de maio. Nós, brasileiros, fomos pra Londres em 23 de Março, e tivemos apenas 3 semanas de montagem e ensaios para o espetáculo. Eram dias intensos, ensaiando da manhã até a noite, encarando muito frio e mudanças, de hotel, de cidade (passamos uma semana em Birmingham), de planos e de cenas. Mas havia ali o calor da amizade, a vontade de superar tudo, e havia a eterna beleza da diversidade, e chegamos ao fim, atingimos nosso objetivo e fomos aclamados pelo público britânico. 

Agora é hora de nos preparar para as temporadas de Rio e São Paulo, receber nossos amigos ingleses do elenco e continuar trabalhando firme pra nos aprimorar sempre mais. Agradeço, com muito amor, a todos os amigos de circo, a todos os nossos mestres de circo, como a Nina Rodrigues, a Sarinha Deul, o Milton Lopes e muitos mais, e agradeço a todos os que estão sempre à minha volta me apoiando.

Confira aqui um trechinho da minha performance na lira em Belonging: https://www.youtube.com/watch?v=tzFhimHU3N8&feature=youtu.be

Confira aqui as fotos da temporada em Londres: https://www.facebook.com/sarabentesoficial/photos_albums

E confira aqui a agenda do espetáculo Belonging no Brasil: http://www.sarabentes.com.br/page/agenda/

segunda-feira, 24 de março de 2014

Pergunta Idiota, Tolerância em Exercício 2

Pergunta Idiota, Tolerância em Exercício 2
- E outras pérolas -



Como aqui no Boca promessa é dívida, hoje compartilho com meus leitores queridos mais um trechinho do acervo de perguntas idiotas, respostas malcriadas e outras pérolas que venho colecionando ao longo dessa vida de “apagão”. Então lá vai, abobrinhas que ouvi e respostas que nem sempre a elegância me permitiu dar:

Taxista para em frente à minha casa pra me pegar e me vê sair sozinha do portão com Izadora. Ele sai apavorado do carro, logo encontra a imagem de minha mãe lá no alto na janela da varanda e troveja com ela:
 -Ô dona! Eu não sei o que fazer com ela não! Eu não sei pegar ela não! Ela vai machucar!
E eu, andando com Izadora em direção à voz dele, rio e tento pedir-lhe calma, mas seu pavor é tanto que ele parece não me ouvir; não ouve nem vê nada, e consigo achar a porta do carro e entrar antes dele, enfim conseguindo vencê-lo falando mais alto:
-Eu vou te dizer o que fazer comigo: em primeiro lugar, fica calmo, eu não mordo.
Depois de um riso tenso, ele relaxou um pouco, entrou no carro e conseguimos estabelecer um diálogo durante o trajeto. Chegando ao destino, ele conseguiu até pegar no meu braço e me conduzir, trêmulo, pela calçada da escola de dança.

Recepcionista de um hotel em São Paulo durante o meu check in se dirigindo à moça que foi apenas me deixar no hotel:
 -O quarto dela é no segundo andar. Ela sabe subir escada?
Não, só sei descer. (respondo em pensamento)
-Sei subir escada e sei falar também, pode perguntar pra mim. (essa sim eu falei)
Como ela riu sem graça e passou a se comportar bem, o festival de pérolas parou por aí. Mas neste caso a única pérola da pobre moça é tão carregada d significado social que daria pra desenvolver uma tese de mestrado. Mas, como nós não temos tempo pra isso e nem estamos fazendo mestrado, que tal brincar do jogo dos 7 erros? E se duvidar tem mais de 7. Analisa comigo: “O quarto dela é no segundo andar. Ela sabe subir escada?”
Erro 1: A escada. Pra começar, que hotel bandido é esse que não tem um elevador? Ali ninguém ouviu falar em acessibilidade?
Erro 2: “ela sabe subir escada” Será que ninguém ensinou pra ela a diferença entre saber e conseguir ou ela acha que a cegueira desce e compromete também as pernas?
Erro 3: “sabe subir” Será que, unindo a teoria de que pra descer todo santo ajuda à crença de que santos devem estar sempre perto de pessoas cegas, porque cegos precisam de um milagre e milagre é coisa de santo, a moça realmente acreditava que pra mim só seria possível descer e não subir as escadas?
Erro 4: “ela” A moça realmente achou que minha acompanhante, que eu mal conhecia e que nem ia ficar no hotel comigo, sabia mais sobre mim que eu mesma ou ela no fundo no fundo sabia que sua pergunta era tão chocante que eu não suportaria ouvi-la direcionada diretamente a mim?
Erro 5: Pra onde foi o treinamento de atendimento a pessoas com deficiência que seu chefe deveria ter proporcionado a todos os funcionários do hotel?
Erro 6: (E este é meu) por que eu não respondi o que pensei responder? Acho que ela nunca mais pensaria em perguntar o mesmo pra outro cego, e teria sido mais divertido...
Erro 7- Me ajuda aí! Brincar sozinha não tem graça... Se achar o sétimo erro comenta e conta pra gente!

 Funcionária de um certo grande banco ao preencher um cadastro de controle da minha conta corrente, provavelmente no item “escolaridade”:
 -Você é alfabetizada?
Não, não. Nunca estudei, não trabalho, e inclusive abri uma conta aqui pra depositar as moedinhas que ganho no semáforo. Você aceita depósito em moeda, não aceita? (Essa foi só em pensamento. Na hora fiquei tão chocada que não consegui elaborar verbalmente tudo isso.)
E depois de eu dizer, chocada, um “claro”, ela insistiu na subestima:
 -Mas você fez até que série? Você se lembra assim mais ou menos?
Por favor, alguém me traz um calmante... Essa bruaca confunde cegueira com falta de memória ou o quê? (em pensamentos espumantes de raiva)

Funcionário de empresa aérea me conduzindo para o embarque após já ter dado vários furos comigo durante o check in:
-Agora no portão de embarque pega na sua bolsa um dos papeis que te dei, aquele rosa.
Ah, claro, o rosa...  Moço, não serve o preto? Só tô vendo papel preto aqui, aliás tô vendo tudo preto. Ah meu Deus, o que está acontecendo comigo? Me chamem um médico!!! (em pensamentos gargalhantes)

Eu atravessava uma rua com uma amiga e inacreditavelmente no meio da rua (não perto de uma calçada, não perto da outra, mas exatamente no meio da rua) um senhor muito simples e com carregado e simpático sotaque mineiro para e diz à minha amiga:
-Óia, leva ela lá em Minas que lá no interior tem um peixe que ocê abre o fígado dele, pega o óleo, pinga no olho e ela vai ver tudinho!
Entre dar atenção a ele e ao ônibus que vinha em nossa direção, só consegui dizer:
-Mas moço, eu sou vegetariana!
E ele, voltando a andar e olhando pra trás, pra ainda nos encarar, insistia:
-Vai lá, pesca no rio, abre o fígado dele e pinga o óleo no olho que ocê vai ver tudinho!
Terminamos de atravessar a rua, entre a curiosidade e o riso, e ele, já do outro lado da rua, ainda acrescentou:
-Eu num sei o nome do peixe não, mas ocês procura lá o peixe que cura as vista!

Esta próxima faz sucesso contada ao vivo, por aqui não sei como pode funcionar, mas vamos lá e fica também a promessa de contar ao vivo pra vocês na primeira oportunidade.
Senhora japonesa (mas dessas bem bem bem japa, do tipo que está no Brasil há 50 anos e nunca aprendeu o português) viajando ao meu lado de Resende até São Paulo. Vale destacar que justo naquele dia eu precisava de verdade dormir na viagem. Mas ela, pelo jeito, precisava de verdade matar sua curiosidade... Talvez ela tenha esperado sua vida inteira pra entrevistar uma pessoa cega, e a sorteada fui eu... Pra simplificar, imaginem antes de cada fala dela uma boa cutucada em meu braço; e imaginem também Uma voz abrutalhada e num nível de volume que atendia a todos os passageiros do ônibus... Bom, agora com a imaginação preparada, acompanhem a entrevista referência em polidez e discrição:
Japa: Você cega nascença?
Eu, falando baixinho: Não exatamente, eu enxergava um pouco, depois perdi a visão.
Japa, condoída: Áiaaah...
Pausa pra reflexão, e elaboração da próxima e rebuscada pergunta.
Japa: Mas você enxerga poquinho, né?
Eu: Não, não, não enxergo nada.
Japa: Nada nada? Áiaaah...
Mais uma pausa, que aproveitei pra virar a cabeça pro outro lado, na ilusão de cochilar um pouco.
Japa: Mas você viajar sôzinha sôzinha?
Eu: É, tem que ser.
Japa: Áiaaah...
Outra pausa.
Japa: Você passear São Paulo?
Eu: Não, vou trabalhar.
Japa, mais chocada que nunca: Mas trabalha?!... Áiaaaaah!
E assim seguimos até São Paulo, numa tranquila viagem de 5 horas de cutucadas e gritos ninja.

Depois dessa, só me resta parar por aqui. Tenho ainda umas das boas pra compartilhar com vocês, mas é que haja estômago pra tanta abobrinha assim de uma só vez... Num próximo conto mais.
De novo, meus amigos, é importante lembrar que o papel dos mais informados é sempre informar, que parte da nossa missão enquanto pessoas com deficiência e pessoas que convivem com a deficiência de alguma forma é aproveitar cada oportunidade pra informar, com paciência, e reivindicar, pra que situações como essas acima sejam cada vez menos frequentes até desaparecerem da nossa sociedade. Mas... enquanto elas não desaparecem, a gente continua informando, e rindo um pouquinho que é bom demais... ;)

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O Segundo Filho




Há quase um ano, eu me preparava pra receber meu segundo filho: o livro de crônicas “Quando Botei a Boca no Mundo”. Eu aguardava ansiosa em casa a chegada das caixas, repletas da nova produção independente, que viriam diretamente da gráfica, enquanto preparava os detalhes das festas de lançamento em Volta Redonda e no Rio de Janeiro. A gente gera um filho e nunca imagina quem virá, como virá, como vai se comportar, quantas pessoas vai encontrar... E este meu filhote, em quase um aninho de publicação e depois de lançamentos posteriores em outras cidades, tem crescido e me dado cada vez mais alegrias.

Pra começar, nos dois saraus oficiais de lançamento tivemos presenças ilustres de amigos, apoiadores, admiradores do nosso trabalho e, é claro, os fãs incondicionais: os familiares; compartilhei canções com amigos músicos e tive meus textos lidos e interpretados por vozes profissionais e queridas, como o radialista Dário de Paula, de Volta Redonda, e o ledor Marcus Bittencourt, do Rio de Janeiro; enfim foram does encontros de arte, de comunhão, de antigos e novos amigos.



Passados os saraus de lançamento, veio a parte mais difícil: esperar as notícias de como seu filho tem interagido com as pessoas, como tem se comportado mundo afora... E não esperei muito, dentro de alguns dias eu já começava a receber grandes presentes, que eram o retorno das pessoas sobre o livro. Comecei a ouvir, de crianças, adolescentes e adultos de todas as gerações, que durante a leitura estavam rindo e chorando, refletindo, aprendendo muitas coisas novas, aproveitando de todas as formas e o melhor: contavam que pegavam o livro à noite pra ler uma crônica antes de dormir, e de repente se davam conta de que já tinham lido cinco ou seis, e ainda não queriam parar de ler... E o mais bonito disso tudo não é ouvir o retorno dos leitores, mas é ver este retorno em forma de mudanças de atitude a partir do que leram e absorveram do livro. É que no meio de olhares críticos, bolas vermelhas, pontos de interrogação de ponta-cabeça, perguntas idiotas e respostas divertidas, e mais todos os outros temas, singelezas e causos,que conduzem o leitor pelas páginas, existem dicas e propostas, diferentes pra cada um que abre o livro... E existem também pequenas histórias que acabam virando dicas também e ajudando, de forma mais contundente, pessoas que nem sequer tocaram no livro... Conheci outro dia a história de um motorista particular necessitando de um aparelho auditivo mas, com poucos recursos, não tinha condições de bancar a manutenção do aparelho que ganhou de presente do ex patrão; e foi por meio de uma crônica do filhote “Quando Botei a Boca no Mundo” que o ex patrão descobriu e foi atrás de um outro recurso tecnológico, e barato, que deixou o motorista ouvindo e sorrindo de aparelho a aparelho! Histórias como esta e saber que pessoas têm aliviado suas dores, têm ressignificado fatos e momentos, têm compartilhado o livro e proposto dinâmicas com ele em seus grupos, são os maiores presentes que uma mãe pode receber de seu filho.

Aproveito aqui pra agradecer mais uma vez a todos que, voluntária ou involuntariamente, contribuíram em mais este projeto, a todos os leitores do livro e do blog, e convido aos ainda não leitores a conhecerem o livro,um filho feito com muito amor pra vocês. E aviso aos navegantes, principalmente àqueles mais malcriados e fãs das respostas malcriadas que dou no texto “Pergunta Idiota, Tolerância em Exercício”, que já tô colecionando um bom material pro próximo livro, porque gente desinformada e sem noção por aí capaz de me fornecer oportunidades de muitas risadas e respostas malcriadas é o que não falta... E só pra vocês não ficarem com muita água na boca até o próximo livro sair, já dou uma previazinha no próximo texto aqui do Boca. Fiquem de olho!

Pra conhecer e adquirir o livro “Quando Botei a Boca no Mundo”, em versão impressa ou digital e acessível, é só clicar aqui: http://www.facebook.com/sarabentesoficial/app_206803572685797

Pra ler a sinopse de “Quando Botei a Boca no Mundo” é só clicar aqui: http://www.sarabentes.com.br/page/portfolio/boca-no-mundo/ 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Teatro Cego, os segredinhos que ninguém vê...



Eu já estava com saudades, e os admiradores do Teatro Cego também, e esta semana já podemos nos alegrar porque o retorno em 2014 acontece no próximo domingo, dia 26 de Janeiro, no Centro Cultural do Banco do Brasil em Brasília! Depois de um ano e meio de sucesso na cidade de São Paulo e no interior, é a primeira vez que o Teatro Cego se apresenta fora do estado, e em breve muitos outros territórios também serão conquistados pelo nosso modelo novo de teatro no escuro total. Sim, uma peça teatral completamente no escuro! Só quem já foi assistir sabe muito bem o que acontece com as emoções e percepções, sabe do que é transformado e mexido por dentro durante uma hora na ausência de visão enquanto os outros sentidos e percepções são estimulados, sabe o que acontece na trama “O Grande Viúvo”, de Nelson Rodrigues. Mas tem algumas outras coisinhas sobre o Teatro Cego que, mesmo quem já foi, ainda não sabe... E outras que nem nunca vai saber... Por exemplo: como produzimos os aromas durante a peça, como manipulamos as condições meteorológicas do local, como nós, atores, nos locomovemos no cenário escuro sem bengalas, quem é o sétimo ator misterioso que faz o papel da defunta... Bom, pra descobrir tudo isso, só indo assistir à peça e, ao final, vindo perguntar com muito jeitinho pro elenco, aí a gente conta tudo. 

Já tem outras coisinhas que acontecem ali no escuro que nem mesmo o elenco sabe que vão acontecer, e que o público nem imagina... E, eu garanto, no Teatro Cego tudo pode acontecer: como um ator, do time dos que enxergam, que vai por engano para o lado errado e é resgatado por um ator cego; um ator que se empolga numa cena de nervosismo e acaba derrubando uma colherinha da mesa no chão, e aí uma atriz, ao mesmo tempo em que dá sua fala, vai buscando a colherinha com o tato dos pés e a recolhe do chão para evitar escorregões ou outros acidentes; uma atriz que segura um grande espirro durante a cena do enterro, até que não pode mais e sua cabeça é jogada para frente no impulso do “atchim!”, exatamente no mesmo instante em que o ator da frente, ajoelhado à beira da cova, se ergue do chão; um ator que dá uma crise de labirintite no meio da peça e cata cavaco na escada, no lugar de ir para o quarto vai para o cemitério, completamente perdido; uma freqüente sessão de piadas que rola entre os atores antes do início da peça, enquanto vocês estão sendo conduzidos a seus lugares na platéia, piadas estas muito úteis a uma das atrizes, que precisa dar boas gargalhadas num de seus papeis; um ator que cochila no alto da escada durante toda uma cena em que não atua; enfim, é tanto pastelão no escuro que eu ficaria aqui a semana toda contando, sem contar os que certamente ainda vão acontecer. Então no fim do ano eu volto pra contar os próximos, mesmo porque este ano teremos peça nova, sempre no escuro, e aí serão segredinhos novos pra contar. E já sabem: se alguém perguntar quem contou os segredinhos do Teatro Cego, vocês não viram nada... 

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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Quem pode ser você?


Pois é, queridos, demorei mas voltei a por a boca no mundo... Desde agosto passado não passo por aqui pra contar boas novas, porque andei trabalhando muito de cá pra lá, de lá pra cá, tanto que no fim, quando eu entrava num ônibus de viagem ou avião, eu já não sabia nem mais pra onde estava indo... E acaba que hoje volto aqui complementando, e trazendo resultados, das últimas notícias que deixei aqui em agosto. Contei que passamos um dia cheio de dança, cores e luz com a galera da República do Movimento, em Volta Redonda, gravando meu primeiro clipe oficial. Mas a verdade foi que aproveitamos o dia até o último minuto e gravamos não um, mas dois clipes! E o segundo, gravado a partir do anoitecer, é o que venho trazer, neste início de ano radiante, pra vocês. 
A música, “Quem Pode”, nasceu num início de ano como hoje, aliás, ela está completando um ano agora, e em seu aniversário ganha um clipe, nosso primeiro oficial. A música, que quem tem o CD Em Frente Ao Planeta conhece bem, nasceu quando já estávamos na fase de mixagem do disco, e não estava nos planos da produção e nem do orçamento. Mas ela nasceu com tanta força que correu, correu, se pendurou na porta já quase fechada do bonde, foi gravada inteira numa tarde e entrou, virando a queridinha entre a maioria dos apreciadores do CD. E a mesma força também tiveram todos os cidadãos da República do Movimento e minha família linda, uma galera que, depois de um dia inteiro de dança e gravação, ficou firme até o fim com disposição, emprestando sorrisos, olhares, carisma, mãos para os efeitos especiais aquáticos e criatividade para os improvisos que o público nunca vai saber, emprestando a sala de ballet transformada num estúdio de vídeo. Deixo aqui um obrigada do tamanho do mundo à República do Movimento, à Delinearte, ao Estúdio de Culinária, ao Jhonatan Cruz, a todos que participaram, em especial aos pais das crianças, aos meus familiares e ao casal Lissi e Rafa, junto da gente até o último segundo. O trabalho de todos nós juntos é que fez colorir e eternizar mensagens, perguntas e uma só resposta, uma resposta única pra cada um de nós. Descobre a sua: http://www.youtube.com/watch?v=SjC6UqRr9BY&feature=youtu.be

Confere aqui os créditos do clipe:
fotografia, direção e edição – Sérgio Cruz
Assistente de fotografia e direção– Aline Bentes
Colaboração – Carol Bentes, Jhonatan Cruz, LissianaSchlick e Rafael Mendes

Elenco:
Cidadãos da República do Movimento - Anderson Cruz, Bernardo Solano, Bianca Cândido (Bibi), Gaby Rocha, Iara Oliveira, Isa Antunes, Jhonatan Cruz, João Vítor (Joãozin), Johnny Lamim, Keyth Cavalcanti, LissianaSchlick, Lucas Lopes Franco, Lyvia Paula, MarcellePessanha, Nicholas Lopes (Kitito), Rafael Mendes, Rebeca Lopes, Sara Bentes, Vinícius Gonçalves Gil.
Crianças - João Marcos Castelo, Julia Castelo, Larissa Barbosa, Léo Barbosa.
Apoio – República do Movimento, Delinearte e Estúdio de Culinária

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Conhece o CD Em Frente Ao Planeta: http://www.youtube.com/watch?v=hoCnR65PnPI