quarta-feira, 4 de junho de 2014

Mergulho

Pensando bem, nossa vida é um grande mergulho: a gente já começa mergulhando num corpo físico pra estar aqui nessa dimensão terrena. Depois, é uma sequência de mergulhos a perder de vista; mergulhamos em relacionamentos, mergulhamos em realidades que não são as nossas, mergulhamos em conhecimentos e informações, mergulhamos em novas experiências. Os convites ao mergulho estão por toda parte e a todo instante. O que diferencia o resultado de cada mergulho e o que nos permite avaliar se valeu a pena ou não, é a profundidade. E é sobre isso, a profundidade, que meus dias atuais têm me levado a refletir.

Nosso mundo é cada vez mais imediatista, não é novidade. E nessa pressa não dá tempo de se aprofundar em muita coisa; nem numa conversa, porque temos pressa pra chegar na próxima reunião de trabalho; nem em conhecer melhor o outro conversando mais, porque temos pressa do prazer; nem no sabor da refeição, porque nos alimentamos pensando nos milhões de afazeres que ainda temos que cumprir pra garantir o pão de cada dia, que, aliás, está cada vez mais concorrido neste planeta super povoado; nem eu devo me aprofundar muito num texto do blog, porque hoje em dia ninguém mais tem tempo de ler textos grandes na rede. Tudo bem, não temos tempo de nos aprofundar porque a luta pela sobrevivência é maior. Mas tem muita gente por aí arranjando tempo pra se aprofundar na história do personagem da novela, mas não pra se aprofundar na sua própria história; tem gente se aprofundando nos conhecimentos e no trabalho, e não se aprofundando no auto conhecimento e na conexão com o filho que fez; tem gente se aprofundando na vida alheia e nos julgamentos, e não se aprofundando em seu próprio aprimoramento; tem gente se aprofundando na piada e na brincadeira, e não se aprofundando na própria saúde e nos próprios conflitos. É muito fácil aceitarmos os convites de mergulho em águas que não as nossas. Não nos parece um contrassenso? Quando pensamos num mergulho pra dentro de nós mesmos, a imagem é de águas escuras e frias, e dá medo. Uma conversa séria cara a cara, uma auto análise, uma revisão de nosso comportamento, uma viagem mental no tempo até a raiz de determinado medo ou trauma, uma terapia; nossos mergulhos internos são tão raros que nossas águas são desconhecidas de nós mesmos; e, como é inerente ao ser humano temer o desconhecido, tememos nossas próprias águas.

Mergulhe, cada vez mais fundo; como um mergulhador curioso, você vai se surpreender com as belezas que vai encontrar no fundo do seu mar. Claro, sabemos que não é só de lindos e coloridos corais que vive o universo marítimo, mas você tem seu oxigênio, e pode respirar, profundamente, quando quiser, pra encarar as assustadoras feras do mar, tomar fôlego e continuar mergulhando, fundo. E, mais que o oxigênio, você tem algo vital e que nunca te faltará, capaz de ressignificar o seu passado e do qual depende o seu futuro: o seu agora. Respire-o. Mergulhe. Encante-se com o fundo de seu mar.

Release – Sara Bentes

Sara Bentes é cantora, compositora e atriz, premiada internacionalmente, com participações em festivais de arte nos Estados Unidos, Argentina e Itália; Sua experiência na música passeia pela mpb, samba, choro, música infantil e música internacional, em apresentações solo, com banda, com orquestra e coro. Em 2012, em parceria com amigos e com o pai, Sergio Bentes, Sara lançou seu primeiro CD infantil, intitulado “Faz Sempre Sol”, e em 2013 lançou o CD “Em Frente ao Planeta”, que leva mensagens e reflexões sobre sustentabilidade e amor ao planeta e ao ser humano. Sara foi uma das protagonistas do Projeto Percepções, expedição de três meses por 9 países da América do Sul, exibido semanalmente pelo programa Fantástico, rede Globo, de Novembro de 2005 a Fevereiro de 2006; além da participação no quadro Mulheres que Brilham no programa Raul Gil – SBT, e entrevista na novela América – Rede Globo, traz diversas participações em programas de TV, reportagens e documentários. Sara atua ainda na literatura, no circo e na dança, lançou em 2011 seu primeiro livro: “Fotografias Poéticas de um Olhar Viajante”, lançou em 2013 o livro de crônicas “Quando Botei a Boca no Mundo”; integra a Cia de teatro Mix Menestréis, dirigida por Deto Montenegro, e o projeto Teatro Cego, sob a direção de Paulo Palado (ambos em São Paulo); na dança Sara traz práticas na dança do ventre, dança contemporânea, ballet clássico e dança de salão. Além da carreira artística, Sara ministra palestras e é consultora de inclusão de pessoas com deficiência, sempre aliando sua arte a esta prática. 

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