quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Vai Dar Tudo Certo! (Se Não Der tudo Errado...)



Promoção Uma Música Só Pra Você!

Você já sabe da novidade, não sabe? Dia 25 de fevereiro será o lançamento online do meu novo CD, o “Invisível”! Mas, enquanto isso, você pode ser o felizardo que vai ganhar e ouvir uma faixa inédita do CD antes de todo mundo! Pra concorrer a este presente exclusivo é facílimo: clicar aqui http://www.sarabentes.com.br/page/vai-dar-tudo-certo-se-nao-der-tudo-errado/ e comentar o texto lá, ou qualquer um  dos textos da série deste mês de janeiro, e torcer pra ser sorteado!
Podem participar: pessoas de qualquer idade, residentes em qualquer país.
Promoção válida até 31 de janeiro. Boa sorte, boa leitura e divirta-se!

Vai Dar Tudo Certo!
(Se Não Der tudo Errado...)

Principalmente nos momentos difíceis, é tudo o que a gente quer ouvir: Vai Dar tudo certo! Mas pode esperar, que eventualmente aparece aquele metido a engraçadinho que vai completar: “Se não der tudo errado”, que costuma ser o mesmo tipo que diz: “É assim mesmo, depois piora”. A verdade é que na vida nem sempre tudo dá certo mesmo. Ah, claro, a não ser na vida dos artistas, sempre maquiados, sorridentes, sem gaguejar uma letra na cena da novela e sem desafinar um milímetro naquela nota ultra aguda, certo? Errado! Assim como as mocinhas também soltam gases e os heróis também ficam de nariz entupido, vida de artista nem sempre é poesia... E que bom que é assim, porque a arte, inexata e cheia de surpresas e caprichos, vem nos ensinar que o dar certo ou dar errado pode ser só uma questão de ponto de vista.

Neste mês de janeiro, compartilho com vocês alguns episódios “inesquecíveis” da minha trajetória até aqui, divididos em 4 capítulos, porque tem é história... Também, já comecei toda errada, fui inventar de nascer logo no dia 1 de Abril, dia da mentira. Pode-se dizer então que sou uma mentira que deu certo. Depois inventei de ser artista, e brilhar e fluir pelos palcos sem nenhum enrosco. O que podemos chamar de uma verdade que deu errado... Enrosco foi o que não faltou no último dia da temporada do espetáculo circense “Belonging”.

Gosto que me enrosco 

Lembram daquela do Zeca¿ “Gosto que me enrosco num rabo de saia...” Seria a trilha sonora perfeita se a cena fosse uma comédia. Mas não era... Bem que o Andrezinho Carioca, meu companheiro de cena, cantou a pedra já no primeiro ensaio com figurino: “Cadeira de rodas e saia longa não combinam.” Mas demos nossos jeitinhos e criamos uma coreografia em que o movimento das rodas dele iam sempre em sentido contrário ao da cauda de meu vestido de noiva. Tudo deu sempre certo nos ensaios, logo, nos espetáculos também haveria de dar. E assim foi por três temporadas, até o penúltimo dia da terceira... Talvez eu tivesse sido acometida pela síndrome do último dia e tivesse caído num “relaxamento” por ter dado tudo certo até ali, e acho que, ao subir na cadeira do André para o primeiro movimento da dança, não puxei cauda de vestido suficiente pra cima... Começamos a bailar, lindos e românticos. De repente sinto um puxão na saia. Sem me abalar, dei uma cutucada nas costas do André com a mão que já segurava ali, enquanto a outra desenhava lentamente um arco no ar. Ele entenderia meu sinal, já previamente combinado, e inverteria a direção da cadeira, pra desenroscar o pedacinho de vestido que havia enroscado. O André é paraplégico, e não sente nada de certa parte das costas pra baixo. Talvez eu o tenha cutucado na certa parte, ou seja, na parte errada, porque ele não respondeu ao meu sinal. Conforme o puxão na minha saia aumentava, eu aumentava a intensidade e a área da cutucada, ao mesmo tempo em que continuava bailando e sorrindo gloriosa ao som dos violinos. Agora André entendia meu sinal e movia a cadeira de diferentes formas, tentando livrar a rodinha da frente do emaranhado de tecido, filó e rendas que se apoderavam dela. Não adiantava, a coisa só complicava e ele não tinha mais pra onde se mover, qualquer movimento parecia enroscar ainda mais pano na roda. Também sorrindo, majestoso e romântico, André proferiu em sussurro um resumo da nossa dramática situação: “Amiga, fodeu.” Inventando agora uma parte nova da coreografia, distraí o público com um dos braços em suaves movimentos, enquanto o outro se dobrou pra trás, desligando o captador do microfone headset que eu levava preso em mim, assim eu e André poderíamos conversar disfarçadamente pra tentar solucionar o caso do enrosco. Já ouvíamos os burburinhos do público, incomodado por perceber que algo ali não estava no planejado. Ou estava? Afinal aquilo era circo, e em circo tudo pode acontecer. Sem microfone aberto, agora podíamos nos comunicar melhor, mas sempre sorrindo e dançando. Discutíamos algumas possíveis saídas, mas nada convinha segundo pudemos raciocinar com urgência, e por fim ele disse: “Amiga, não tenho o que fazer, não sei o que fazer.” Movida pelo desespero daquela frase, sem pensar muito, comecei a inventar uma outra nova parte da coreografia, lembrando-me do que aprendi na essência mais clássica do ballet tradicional, desci ao chão num suplex com um plié, misturado com um “desenrosqué”, meti as mãos na rodinha e comecei: puxa pra lá, empurra pra cá, roda pra cima, pra baixo, desroda, vira, enquanto ele empinava um tiquinho a cadeira pra que a rodinha da frente ficasse fora do chão, facilitando meu trabalho tátil. Pareceu uma eternidade, mas o que parecia impossível se desenrolou em alguns segundos. Ainda sorrindo, agora com toda a minha alma, levantei e concluímos a cena. Durante o sufoco, a música já tinha avançado bastante e não tivemos tempo de dançar o restante da coreografia, a parte mais bonita. Mas tudo bem, a parte mais bonita ali ficou por conta de mais uma vitória da parceria humana sobre o enrosco nosso de cada dia. Uma não enxerga, o outro não anda, mas unidos nos completamos e vamos longe! (De preferência sem mais enroscos...)

Ao fim do espetáculo, os “amigos” que estavam na plateia perguntavam se aquilo fazia parte ou não da cena e se lamentavam por não terem filmado a melhor cena, segundo eles, de toda a temporada! Mas a cena sem enrosco foi filmada, e, se você quiser conhecer, está bem aqui: https://www.youtube.com/watch?v=UeyeVr3xH2M

No próximo episódio, meus enroscos musicais: quando um erro musical torna-se um grande acerto, quando seu violonista tenta te derrubar no meio do show. Até semana que vem!

Comente e concorra a uma música inédita do “Invisível”, o novo CD da Sara!

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