quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Vai dar tudo certo! (Se não der tudo errado...) 3

Promoção Uma Música Só Pra Você!

Você já sabe da novidade, não sabe? Dia 25 de fevereiro será o lançamento online do meu novo CD, o “Invisível”! Mas, enquanto isso, você pode ser o felizardo que vai ganhar e ouvir uma faixa inédita do CD antes de todo mundo! Pra concorrer a este presente exclusivo é facílimo: clicar aqui http://www.sarabentes.com.br/page/vai-dar-tudo-certo-se-nao-der-tudo-errado/ e comentar o texto lá, ou qualquer um  dos textos da série deste mês de janeiro, e torcer pra ser sorteado!
Podem participar: pessoas de qualquer idade, residentes em qualquer país.
Promoção válida até 31 de janeiro. Boa sorte, boa leitura e divirta-se!



Assim como a arte, a vida e as pessoas são inexatas e surpreendentes. E que bom que é assim! Por isso mesmo é que muitas vezes, com nossas expectativas e previsões erradas, somos positivamente surpreendidos. Foi assim, com uma surpresa dessas, que fui selecionada pra participar do projeto Percepções, exibido no programa Fantástico – Rede globo em 2005/2006. O instituto que promoveu o projeto pediu a uma consultora que indicasse uma lista de candidatos com o perfil aventureiro, independente e arrojado que a vaga pedia. A consultora, uma amiga antiga minha e da minha família, apresentou uma lista e, por último, talvez só pra preencher espaço, já que ela achava que eu não tinha nada a ver com o perfil, estava meu nome. Bom, depois de alguns meses, após entrevistas com vários candidatos, lá estava eu, selecionada pelo instituto e embarcando no projeto Percepções, um divisor de águas na minha vida, viagem intensa de 3 meses por 9 países da América do Sul.

Veja um videoclipe do Percepções aqui: https://www.youtube.com/watch?v=j49wexpHfWk
Porém não é sempre que essa mesma inexatidão humana nos traz positivas surpresas... Quando o assunto é uma gravação de um telejornal por exemplo, é bom que seja tudo o mais exato possível. Mas não foi bem assim comigo numa gravação externa do telelibras, telejornal online da ong Vez da Voz, há alguns anos...

Sara Bentes e o intérprete... Qual é mesmo o intérprete?

Pra quem não conhece, o Telelibras é um modelo totalmente acessível de telejornal, onde apresentador e intérprete de libras – língua brasileira de sinais, dividem o mesmo espaço e figuram no mesmo plano. Pra isso, o intérprete está sempre ao lado do apresentador e traduz simultaneamente. A mesma coisa ocorre nas matérias externas, e, em eventos longos e movimentados, o Telelibras contava com o trabalho de dois ou mais intérpretes de Libras, que se alternavam ao lado do repórter nas gravações. Ao fim de toda matéria, o repórter se apresentava e apresentava o intérprete ao lado. A repórter da vez era eu, e o intérprete... Hum, o intérprete... depois de umas dez entrevistas, cada uma traduzida por um intérprete diferente, quem era mesmo o intérprete que me acompanhava? O intérprete de Libras em geral se mantém silencioso enquanto sinaliza, então eu não podia me orientar por sua voz. Puxa, se ao menos ele estivesse do meu lado, eu poderia tentar identificá-lo pelo cheiro. Mas não, ele estava à direita do entrevistado, que estava à minha direita. Eu me concentrei em tudo, no foco para a câmera, na altura da pessoa para oferecer a ela o microfone sem golpeá-la, nas perguntas e respostas, tudo fluindo perfeitamente bem numa entrevista riquíssima, até que: “Sara Bentes e a intérprete Rafaela Sessenta para o Telelibras!” Ouvi um sonoro “Ahhhhh” de toda a equipe e a risada do Fabiano Campos, o intérprete da vez, e não acreditei no que acabara de fazer. A Rafaela Sessenta já tinha ido até embora. E aí, tome risadas, e fôlego pra gravar tudo de novo...
Bom, ao menos não era ao vivo; ufa! Porque em vexames em cena ao vivo já estou ficando diplomada. E este que estou para contar a vocês é, sem dúvida, o pior vexame em cena da minha história até aqui...

“Cantora Desenvolve Estranha Modalidade de Canto”

Uma matéria de jornal relatando o triste fato começaria bem assim. Mas, graças a deus, nenhum jornal sensacionalista reportou o ocorrido naquela noite de jantar solene na reunião de um dos Rotary Clubes de Volta Redonda. Os trajes eram ternos e longos, o ambiente era elegante e de luzes indiretas, o cardápio trazia algo ao molho madeira, os senhores, senhoras e suas famílias eram educados e gentis, tudo apontava para um impecável acontecimento rotariano. Ah, claro, um detalhe importante (que na verdade é o pivô da confusão), o jantar impecável tinha música ao vivo, voz e violão; e, lamentavelmente, eu era a cantora em questão, e o violonista era meu querido amigo Adriano Pinheiro. Bom, pra tanta elegância, preparamos um repertório fino, começando com uma bossa nova do Caetano Veloso. Nos posicionamos diante de todos, ajeitamos violão e microfone e todos fizeram o mais absoluto silêncio em suas mesas para nos prestigiar. O problema foi que um amigo antigo da família, membro do clube, fez questão de me apresentar lendo um breve release da minha trajetória artística. Ele pegou o microfone e, simpaticamente, começou a ler. Todos ouviam atentos, enquanto eu e Adriano exibíamos um elegante sorriso de comercial de creme dental, ansiosos pra começarmos logo a cantar; e tudo ia muito bem, até que o amigo se deparou com a frase: “Sara Bentes canta com a banda sinfônica da CSN” Na verdade ele nem chegou no “sinfônica”, porque já na “banda” ele, displicentemente, realizou uma pequena troca de vogais, substituindo o primeiro “A” por um sonoro “U”. Pois é, isso mesmo, ele declarou em alto e bom som essa frase aí que vocês conseguiram imaginar... É incrível como toda aquela elegância, toda aquela nobreza, toda aquela fineza, tudo se transformou tão repentinamente numa gargalhada coletiva de perder o fôlego... Eu, que já não gosto nadinha de rir, não vi outra saída senão me acabar de rir também, seguida pelo Adriano, que também adora um mal feito. O apresentador até tentava se recompor e se desculpar, mas nem era mais ouvido, e só foi conseguir terminar de ler meu release após alguns minutos, quando todos já se acalmavam um pouco, mas só um pouco, a crise de riso ainda estava à espreita no salão. Quando ele, ainda rindo também, terminou sua tarefa e nos deu a vez, eu me esforçava pra voltar a me concentrar, mas, sabendo que seria como uma missão impossível, eu disse ao Adriano, que também não parava de rir: “Pro espaço a bossa nova do Caetano e manda logo um forró aí”.

E foi assim que uma noite de gala se transformou no pior vexame da minha vida... Se de toda experiência podemos extrair um aprendizado, nessa aí aprendi que, se você for cantar ao vivo e o apresentador for ler seu release, nunca escreva nele que você canta com qualquer banda, nem que seja a banda oficial do presidente da ONU, mas invente outro nome, escreva “grupo instrumental”, ou o arcaico termo “conjunto”, ou omita o fato, sei lá, qualquer coisa, mas “banda” jamais!

No próximo episódio: um “terremoto” no cenário e eu pendurada a 12 metros do chão; e o dia em que quase liquidei todo o elenco do teatro; até a próxima semana!

Leia o episódio 1 aqui: http://www.sarabentes.com.br/page/vai-dar-tudo-certo-se-nao-der-tudo-errado/
Leia o episódio 2 aqui: http://www.sarabentes.com.br/page/vai-dar-tudo-certo-se-nao-der-tudo-errado-2/

Comente e concorra a uma música inédita do “Invisível”, o novo CD da Sara. Compartilhe com seus amigos.

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